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Dom Philips

Audiência de instrução dos assassinos de Dom e Bruno é retomada hoje

A audiência de instrução dos acusados pela morte do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, correspondente no Brasil do jornal The Guardian, deve ser retomada nesta segunda-feira (17), em Tabatinga (AM).


A audiência de instrução dos acusados pela morte do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, correspondente no Brasil do jornal The Guardian, deve ser retomada nesta segunda-feira (17), em Tabatinga (AM). A informação foi confirmada pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

Os acusados são Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos, e Jefferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha. Pelo que aponta a investigação, as vítimas foram assassinadas em uma emboscada no Rio Itacoaí, no município de Atalaia do Norte, vizinho de Tabatinga, em junho do ano passado.

De acordo com a entidade, que fortaleceu, com Bruno Pereira, um esquema de proteção aos povos indígenas da Terra Indígena (TI) do Vale do Javari, a continuidade da audiência está prevista para os dias 20 e 27 de julho. A Agência Brasil procurou a Justiça Federal do Amazonas, para obter detalhes sobre a lista de depoimentos que serão colhidos e aguarda retorno.

A audiência, que irá definir se os acusados irão a júri popular, teve início em 20 de março. Por diversas vezes, houve suspensão, inclusive por obstáculos como a conexão de internet, que impede a participação por vídeo dos acusados.

Problemas

A TI Vale do Javari convive com um mosaico de diversas dificuldades, sendo as principais o comércio ilegal de madeira, o desmatamento, a caça e a pesca ilegais e o garimpo ilegal. A região é habitada por cerca de 6,3 mil pessoas, pertencentes a 26 povos e divididas em 64 aldeias.

O local centraliza o maior número de povos em isolamento voluntário do mundo, grupos que optam por manter distanciamento de não indígenas. Ao todo, são 19, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), como os mayuruna/matsés, os matis, os kulina pano, os kanamari e os tsohom-dyapa.

Em fevereiro deste ano, uma comitiva do governo federal esteve no Vale do Javari, para anunciar uma série de ações com o objetivo de dar mais segurança à população da região. Contudo, lideranças têm criticado a falta de efetividade das medidas, dizendo que pouco tem mudado. Na última sexta-feira (14), Beto Marubo, que já declarou, em entrevista exclusiva à Agência Brasil, ser a favor de se armar agentes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em pontos de maior suscetibilidade, fez, em sua conta em rede social, uma colocação a respeito disso. "Apesar dos diálogos, as atitudes concretas do Governo Lula para o Vale do Javari, mesmo depois da Univaja ter apresentado propostas em diferentes momentos, inclusive durante a transição, ainda não foram concretizadas. O Brasil precisa retornar com urgência a minha Terra", afirmou.

"Nós do Vale do Javari, iremos lutar incansavelmente para que o brutal assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillps não seja esquecido e que os esforços deles para enfrentar a atual situação do Vale do Javari não tenham sido em vão", complementou.

A reportagem solicitou posicionamento do Ministério dos Povos Indígenas e da Funai sobre o comentário de Beto Marubo e aguarda retorno.

Agencia Brasil

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