INTENSIDADE MENOR O episódio atual é diferente do caso de 1987, afirma o diretor de Radioproteção da Cnen. Isso porque as cápsulas de césio-137 retiradas da mineradora em Minas e encontradas a 432 quilômetros de distância na revenda de sucata em São Paulo contêm muito menos material radioativo. “O material localizado em São Paulo tem intensidade 300 mil vezes menor do que as fontes de césio de Goiânia”, afirmou o físico. Facure salientou que a presença do material radioativo não representou riscos para os trabalhadores da empresa da Vila Leopoldina nem para os moradores da região porque os equipamentos permaneceram intactos, sem nenhuma violação. “As fontes radioativas furtadas não são dispersíveis no meio ambiente. Não provocam riscos para a população”. Garantiu ainda as fontes radioativa não vãoacarretar risco de contaminação para quem as transportou. “Uma pessoa só fica em risco (de contaminação) se ficar em contato com o material por muito tempo, por meses”, afirmou o diretor da Cnen. Ele lembrou ainda que as fontes furtadas em Nazareno são armazenadas dentro de uma cobertura de cerâmica, bem diferente do equipamento violado em Goiânia 36 anos atrás, cujo material radioativo era “em pó”, o que facilitou a contaminação. A Cnen divulgou também que “as fontes furtadas são classificadas como baixo risco, na casa dos 5 mCi (milicurie, medida de radioatividade), atividade quase 300 mil vezes menor que a do acidente de Goiânia”.
ANÁLISE E DEVOLUÇÃO Segundo Alessandro Facure, as cápsulas de césio-137 serão devolvidas à mineradora. Mas isso só deverá ser feito após as inspeções do material pelo órgão. A empresa também divulgou nota ontem, informando sobre a recuperação do material, destacando que os equipamentos serão encaminhados para a mineradora, seguindo “as orientações e diretrizes de manipulação e segurança determinadas pela Cnen”. “A AMG Brasil reafirma seu compromisso absoluto de atuar de maneira responsável e diligente perante a comunidade e lamenta qualquer preocupação que o incidente possa ter ocasionado a terceiros”, diz a nota. Informou ainda que “está sendo conduzida investigação interna independente a fim de que sejam apurados os fatos que deram ensejo ao furto, e sejam adotadas medidas de melhoria e mitigação de riscos em relação aos seus processos internos de controle”. A empresa frisou esse tipo de cápsula é “comumente utilizados na indústria de mineração” para medir a quantidade de minério que passa por uma tubulação durante o fluxo de produção e possuem uma fonte selada de césio-137, revestida de aço inoxidável e blindada internamente por duas outras camadas de chumbo e aço”. Por sua vez, também por meio de nota, a Polícia Civil de Minas Gerais comunicou a localização das caixas contendo o césio-137 em São Paulo, com o material sendo encaminhado para “análise pericial da Cnen. Esclareceu ainda que “as investigações estão em andamento, de forma sigilosa, para a completa apuração dos fatos”.
FATOS E questões
Confira o que se sabe sobre o sumiço e recuperação das cápsulas de césio-137
» 432 quilômetros é a distância entre Nazareno (MG), de onde o material radioativo sumiu, e São Paulo (SP), onde foi encontrado» O sumiço de duas cápsulas de césio-137 da mineradora AMG Brasil, que fica no município de Nazareno, na Região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais, foi comunicado à Cnen em 29 de junho» O material radioativo foi encontrado ontem de manhã em uma empresa que trabalha com a coleta e venda de sucata na Vila Leopoldina, Região Oeste da capital paulista. Funcionários notificaram a Cnen» Não se sabe como nem por quem as fontes de césio-137 foram transportadas entre as duas cidades» Ainda está em investigação como as cápsulas foram retiradas da empresa e como foi feita a venda» Segundo diretor da Cnen, as cápsulas foram recuperadas sem sinais de tentativa de violação, o que indica que não houve contaminação de pessoas no percurso» O material será inspecionado antes de ser devolvido à mineradora» A Polícia Civil de Minas Gerais continua investigando as circunstâncias do sumiço
Fonte: apuração Estado de Minas
Estadão