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Em seu despacho, Simone de Araújo Rolim alegou que o crime foi praticado sem violência ou grave ameaça e que o reconhecimento foi feito por policial civil que investiga crimes da mesma natureza praticados no bairro. Igor Martins Pinheiro, de 22 anos, tem 28 anotações criminais, sendo 14 por furto de bicicleta. VÍDEO: Veja momento em que suspeito de furtar bicicleta no Leblon chega em casaA juíza Simone de Araújo Rolim, da 29ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, negou o pedido do Ministério Público para transformar a prisão temporária de Igor Martins Pinheiro, de 22 anos, em preventiva.Igor é o jovem branco flagrado por câmeras de segurança furtando uma bicicleta no Leblon e chegando com a mesma em sua casa, em Botafogo. O caso deu origem ainda a uma ação de calúnia cometida contra Matheus Ribeiro, jovem negro que foi acusado de ter pegado o objeto.Em destaque, Igor aparece nas imagens roubando a bicicleta elétrica no Leblon no último sábado (12)Reprodução/Arquivo PessoalEm seu despacho, a magistrada diz que não é possível fazer uma identificação precisa de que se trata de Igor nas imagens e que o reconhecimento feito pelo policial civil poderia ser enganoso.“No caso em apreciação, não se vislumbra a presença dos requisitos autorizadores da medida cautelar postulada, pois como se verifica o delito imputado não foi praticado mediante violência ou grave ameaça, o reconhecimento em questão foi feito por policial civil que investiga crimes da mesma natureza praticados no bairro, através de imagens captadas pelas câmeras de segurança de prédios vizinhos ao local em que a bicicleta se encontrava estacionada, ocorre que as imagens possuem baixa qualidade técnica e o suposto autor do fato aparece utilizando-se de máscara e óculos escuros, o que dificulta a fidelidade de sua identificação e vem de encontro ao requisito "indícios suficientes de autoria" para a decretação de prisão preventiva. Assim, sendo indefiro o pedido de prisão preventiva do acusado sendo certo que esta decisão será reapreciada se surgir algum fato novo no curso da instrução”, disse.Com a decisão, Igor continua sob prisão temporária de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco, enquanto a polícia investiga o crime. Caso a polícia não consiga concluir o inquérito neste prazo para oferecer denúncia ao Ministério Público, Igor poderá ser solto. A prisão preventiva não oferece tempo mínimo para o fim das investigações e garante que o acusado fique preso até a conclusão do inquérito.O casoO furto de uma bicicleta elétrica no Leblon no dia 12 de junho levou a uma investigação de crime de calúnia contra o instrutor de surfe Matheus Ribeiro, que foi acusado de pegar o objeto, e também levou os policiais da 14ª DP, no Leblon, a ir atrás do verdadeiro autor do crime.Imagens de câmeras de segurança do Shopping Leblon mostraram Igor Pinheiro, de 22 anos, comentendo o delito, e depois chegando em casa com a bicicleta. Policiais da 14ª delegacia, prenderam Igor na noite de quarta-feira (16). A bicicleta foi encontrada na quinta-feira (17), à tarde, estacionada em um lugar conhecido como Beco do Pinheiro, no Largo da Machado.Polícia Civil acha a bicicleta roubada no LeblonDivulgação/DivulgaçãoA polícia chegou até Igor após assistir imagens da câmera de segurança próximas ao Shopping Leblon (veja no vídeo abaixo). Um segurança do estabelecimento, que prestou depoimento na delegacia nesta quarta(16), reconheceu o rapaz. VÍDEO: Imagens mostram momento em que bicicleta elétrica é furtada, na Zona Sul do RioDepoimentos O casal prestou depoimento também na quarta e responderá por calúnia, segundo a delegada responsável pelo caso.“Em nenhum momento, tanto diante da narrativa do Matheus, como diante da narrativa dos investigados, veio aos autos qualquer menção por parte destes no sentido de terem realizado alguma ofensa expressa de caráter racial. Razão pela qual, com base também na análise dos elementos objetivos do fato, da análise do caso concreto, não houve instauração de procedimento para apurar o crime de injúria racial, e sim o crime de calúnia”, explicou Natacha Oliveira.Em entrevistas, o professor de surfe afirmou que em sua opinião a abordagem dos jovens não ocorreria da mesma maneira se ele não fosse negro. "Se eu fosse branco não seria abordado de tal forma", disse ele ao jornal O Globo.Em destaque, Igor aparece nas imagens roubando a bicicleta elétrica no Leblon no último sábado (12)Reprodução/Arquivo PessoalFicha criminal extensa Igor, também conhecido como "Lorão", tem 28 passagens pela polícia. Ele já foi preso outras sete vezes por outros furtos, como em 2018. Igor já havia sido preso pelo mesmo crime em 2018 Reprodução/TV GloboLEIA TAMBÉM:VÍDEO: Imagens mostram a audácia de criminosos em furtos de bicicletas no RioTIJUCA: Veja vídeo de roubo de bicicleta no bairro da Zona Norte FLAGRANTE: Câmeras registram roubo de bicicleta na Zona Sul do RioComo foi a abordagem ao jovem negroMatheus contou que estava esperando pela namorada na frente do Shopping Leblon, na Avenida Afrânio de Melo Franco, no sábado, quando foi abordado pelo casal de jovens. A jovem perguntou:"Você pegou essa bike, não foi? Essa bike é minha".Ele negou e disse que mostrou fotos antigas dele com a mesma bicicleta. O professor de surfe postou um vídeo nas redes sociais, que teria sido feito depois de uma primeira discussão com o casal.O vídeo mostra Matheus e o namorado da jovem próximos um do outro, com este último segurando o cadeado da bicicleta da namorada."É que acabou de roubar a bicicleta dela, é igualzinha, desculpa", disse o rapaz, aparentemente tentando justificar a abordagem.'Está enraizado na nossa sociedade' "É um problema que está enraizado na nossa sociedade", diz surfista negro acusado de furtoEm entrevista ao RJ2, Matheus disse que situações de racismo não são problemas isolados e estão "enraizadas na sociedade"."Isso não é problema pessoal de mim pra eles, problemas deles pra mim, é um problema que está enraizado na nossa sociedade", disse, referindo-se ao casal envolvido no caso."Não quero dar ênfase só pro meu caso, quero dar ênfase pra esses casos, para que as pessoas quando se veem numa situação de desespero não pensarem que foi o preto que roubou e toda vez que acontecer isso com um negro ele se sentir forte o suficiente para denunciar para botar a cara, falar que isso não é certo e que a gente não vai aceitar isso".