Na mãoVoltando ao Supremo, a agenda de costumes também tem seu destaque nas jornadas de junho. No dia 21, os integrantes da Corte de Justiça vão se debruçar sobre o porte de drogas para consumo próprio. Três ministros já votaram pela descriminalização, particularmente em relação à maconha, com as devidas ressalvas. A ver.
A cabeça da serpenteO Supremo acolheu a denúncia contra mais 70 participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro. Assim, chega a 1.246 o total de réus pelos ataques contra os Poderes da República. É preciso lembrar, porém, que essa leva diz respeito principalmente aos extremistas que estiveram presencialmente no quebra-quebra. Falta identificar e punir os financiadores e mentores da trama, alguns com amplo acesso ao Palácio do Planalto. Eis um ponto a ser esclarecido nos inquéritos do STF e da CPMI.
Jornadas de junho no arraial de Brasília
As próximas semanas prometem agitar Brasília, apesar de uma parcela importante dos políticos darem atenção às bases eleitorais na temporada de festas juninas. No Congresso, há expectativa em torno da sabatina de Cristiano Zanin no Senado, possivelmente em 21 de junho. Em que pesem as críticas direcionadas ao gesto do presidente Lula de indicar seu advogado pessoal para a instância máxima da Justiça, a boa relação entre o Planalto e o Senado deve garantir o caminho de Zanin ao STF.
Mas é no Judiciário, mais uma vez, que podem ocorrer fatos impactantes. No dia 22, o Tribunal Superior Eleitoral julga ação que pode tornar Jair Bolsonaro inelegível por oito anos. O caso remete à famigerada reunião promovida no Palácio da Alvorada com embaixadores em julho de 2022. Na ocasião, o ex-presidente atacou o sistema eleitoral, em clara afronta institucional. Nos bastidores, é dada como certa a condenação de Bolsonaro.
A decisão do TSE tem peso para sacramentar um movimento iniciado por Bolsonaro antes mesmo de abandonar a Presidência da República em dezembro de 2022. Após a derrota nas urnas, ele rejeitou qualquer iniciativa de liderar a oposição ao governo Lula. A punição é um alívio temporário para os petistas – afinal, a Justiça no Brasil tem suas reviravoltas –, mas pouco diminui as dificuldades políticas do atual governo.
É a economiaNos próximos dias, também existem questões relevantes a se observar na área econômica. O arrefecimento da inflação sugere uma possível mudança de postura do Banco Central na definição da taxa básica de juros. Mas analistas consideram improvável que o Comitê de Política Monetária reduza a Selic na reunião marcada para 20 e 21 de junho.
Sobre favelasSobre a preconceituosa declaração do ministro Rui Costa (foto) a respeito de Brasília, convém relembrar alguns dados sobre desigualdade social. É no Distrito Federal que se encontra a maior favela do Brasil – Sol Nascente, em Ceilândia, com mais de 87 mil habitantes em 32 mil domicílios. É significativamente mais extensa do que a favela do Bairro Tancredo Neves, em Salvador, com 20 mil domicílios, a maior da capital baiana.
Ontem e hojeDe origem histórica, o bairro pobre de Salvador era conhecido como um antigo quilombo. Passou por um forte processo de urbanização a partir dos anos 1970, sem políticas públicas suficientes para combater a desigualdade. No DF, a Sol Nascente tem pouco mais de 20 anos. Em duas décadas, a 35km do Palácio do Planalto, tornou-se um desafio para políticos com consciência social. Basta de simplismos e má fé contra a capital federal.
Deputados de MG X LulaQuatro dos 48 deputados que protocolaram um novo pedido de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara dos Deputados são mineiros: Nikolas Ferreira, Junio Amaral, Marcelo Álvaro Antônio e Maurício do Vôlei. Todos eles são do Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, maior bancada de oposição ao governo Lula. Na lista geral, entretanto, há quatro parlamentares filiados a partidos da base aliada do governo: Thiago Flores (MDB-RO), Rodrigo Valadares (União-SE), Delegado Palumbo (MDB-SP) e Sargento Fahur (PSD-PR).
Estadão