Nas últimas décadas houve alguns casos de grupos religiosos que tiveram um fim parecido com o dos quenianos. Os mais conhecidos eram de americanos. Uma devota da seita queniana de pessoas que jejuaram até morrer, em 24 de abril de 2023
Reuters
Na segunda-feira (24), o pastor Paul Makenzi foi preso no Quênia sob suspeita de dizer a seus seguidores que jejuassem até a morte para encontrar Jesus.
Até agora, 73 membros da seita morreram , e descobriram dezenas de covas com cruzes no rancho de Makenzi em uma floresta do país. Já foram exumados 26 corpos para que se determine a causa de morte.
A Cruz Vermelha do Quênia disse que 112 pessoas foram dadas como desaparecidas em Malindi, onde ficava a principal igreja do pastor.
Nas últimas décadas houve alguns casos de grupos religiosos que tiveram um fim parecido com o dos quenianos.
Os mais conhecidos eram de americanos, ainda que um deles, o da seita do Templo do Povo, não ficasse em território americano, mas, sim, na Guiana.
Relembre abaixo alguns casos importantes.
Porta do Céu
A comunidade de Heaven"s Gate (Porta do Céu), da cidade de San Diego, nos Estados Unidos, acreditava que uma aeronave espacial estava prestes a levar todos os membros da seita para o Reino do Paraíso, onde as pessoas iram se reencontrar com o fundador do culto, Ti, que havia morrido em 1985.
Para entrar nessa aeronave, os membros da seite deveriam se livrar dos seus corpos, que eram apenas a embalagem da alma.
Esse é o suicídio em massa com mais mortes na história dos EUA: 39 pessoas morreram em março de 1997.
Em duas notas encontradas posteriormente pela polícia registraram como aconteceram as mortes: os membros da seita receberam sedativos junto com bebidas alcóolicas. Depois, foram sufocadas com plásticos na cabeça.
Rancho Santa Fé, onde os membros do grupo Porta do Céu cometeram suicídio
By Tuxyso / Wikimedia Commons
Os corpos estavam vestidos com uniformes pretos com as palavras “Time de partida Porta do Céu”. Ao lado de cada corpo foi encontrada uma bolsa de viagem.
Na época, a polícia concluiu que as pessoas sabiam que estavam participando de um suicídio coletivo (não havia sinais de luta ou violência), e os membros do culto fizeram vídeos se despedindo.
O Templo do Povo
O Templo do Povo era, na verdade, uma congregação que começou na década de 1950 e juntou, inicialmente, crentes no estado de Indiana, nos EUA, e depois na Califórnia.
O líder se chamava Jim Jones. Ele chegou a morar no Brasil, na cidade de Belo Horizonte, nos anos de 1962 e 1963.
Jim Jones em 1977
By Nancy Wong - Own work, CC
Para angariar devotos, ele muitas vezes dividia famílias que eram funcionais —de acordo com a rede de rádios PBS, dos EUA, ele afirmava que filhos adultos que ainda eram ligados aos pais eram suspeitos e que não se deveria esperar que marido e esposas vivessem juntos, além de desencorajar o sexo.
Ele afirmava que a relação mais importante de todos os crentes era com ele mesmo, e pedia para que as pessoas o chamassem de pai.
Algumas pessoas deixaram a seita e denunciaram Jones e, em 1977, ele criou uma comunidade para seus fiéis na Guiana.
No ano seguinte, ele liderou um suicídio coletivo na comunidade de fieis. Ele e os outros líderes da seita decidiram que todos iriam beber veneno. Morreram 913 pessoas, sendo que 275 eram crianças, em 12, bebês.
Waco, Texas
Uma dissidência dos adventistas do sétimo dia que surgiu nos EUA década de 1930.
O grupo acreditava que o Messias profetizado na Bíblia não era Jesus, mas ainda estaria por vir. Os crentes dessa seita afirmavam que eles iriam criar o futuro reino, inspirado no rei Davi (eles se denominavam davídicos, palavra derivada de Davi).
Eles também acreditavam que o apocalipse estava próximo.
Os fiéis compraram um terreno na cidade de Waco, no estado do Texas. Eles chamavam o local de Monte Carmel, uma outra referência bíblica.
Complexo de Monte Carmel tomado pelo fogo, em 19 de abril de 1993
Federal Bureau of Investigation
Nos anos 1980, um novo fiel, Vernon Howell, se juntou ao grupo. Ele mudou o nome para David Koresh e dizia ser um profeta. Ao longo dos anos, foi ganhando poder dentro da comunidade.
Ao longo dos anos, foi pregando a necessidade da comunidade se preparar para uma batalha do fim dos tempos.
Em 1993, agentes responsáveis por fiscalização de armas tentaram entrar no complexo do grupo para executar um mandado de busca.
Começou, então uma troca de tiros. Cinco agentes morreram e outros 16 ficaram feridos. Cinco fiéis também morreram.
Houve um cerco de 51 dias aos crentes. Em 19 de abril de 1993, o FBI conseguiu entrar no complexo. Só que houve um incêndio, e 76 pessoas da seita morreram.