G1
Maior operação contra armas de fogo já executada pela agência foi coordenada de Foz do Iguaçu e aconteceu em 15 países. No Brasil, ação prendeu integrantes do PCC. Hall de entrada da sede da Interpol em Lyon, centro da França, outubro de 2007.AP Photo/Laurent CiprianiA maior operação contra armas de fogo na América Latina coordenada pela Interpol apreendeu mais de 5,7 bilhões de dólares em drogas e deteve 14.260 suspeitos em 15 países da região, incluindo Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Panamá e México, anunciou a agência policial na terça-feira (18/04)Denominada "Operação Gatilho IX", a ação, realizada entre 12 março e 2 de abril, apreendeu ainda 8.263 armas ilegais e mais de 300 mil cartuchos de munições, bem como 203 toneladas de drogas e 372 toneladas de precursores de drogas. No Paraguai, a polícia resgatou ainda onze vítimas de tráfico humano."O fato de uma operação visando armas de fogo ilícitas ter resultado em uma grande apreensão de drogas é mais uma prova, se necessária, de que esses crimes estão interligados", destacou o secretário-geral da Interpol, Jürgen Stock.A operação foi lançada por autoridades locais na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. E, segundo a Interpol, descobriu outros crimes, como corrupção, fraude, tráfico de seres humanos, crimes contra o ambiente e atividades terroristas."As armas de fogo ilegais, utilizadas pelos criminosos para cometer assaltos à mão armada e assassinatos, também estão estreitamente relacionadas com a proliferação de uma ampla gama de crimes que utilizam as mesmas rotas do tráfico", especificou a Interpol, que tem sede na cidade francesa de Lyon, num comunicado.Detalhes da operação que teve sede no BrasilA Interpol reuniu um Foz do Iguaçu especialistas em armas dos países envolvidos de onde foi coordenada a operação. Segundo a agência policial, o centro operacional na cidade localizada na tríplice fronteira, entre Argentina, Paraguai e Brasil, apoiou a linha de frente e garantiu a rápida troca e checagem cruzada de inteligência.Na operação, os investigadores contaram com o Sistema de Gerenciamento de Rastreamento e Registro de Armas Ilícitas (iARMS) – o único banco de dados global que inclui registros de armas de fogo roubadas, perdidas e contrabandeadas – e tiveram acesso ao programa da Interpol com registros de digitais balísticas.De acordo com a Interpol, o rastreio da história das armas recuperadas pode fornecer pistas investigativas cruciais. Cada arma de fogo é única e pode ser identificada pelo seu número de série, impressão balística, marca, modelo e calibre.Financiada pela União Europeia, a operação consegui desarticular 20 organizações criminosas envolvidas no tráfico de armas e prendeu integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), da gangue salvadorenha Mara Salvatrucha e do Cartel dos Bálcãs, que também atua na América do Sul.A maior apreensão de munição ocorreu no Uruguai, 100 mil. Na ocasião, dois europeus foram detidos. Já no Brasil e Paraguai, várias revendedoras de armas de fogo foram fechadas após a identificação de transferências irregulares e vendas sem licença.Próximos passosSegundo a Interpol, cerca de 30 investigações foram abertas após a operação e as autoridades identificaram 15 novos modus operandi para a fabricação, tráfico e ocultação de armas de fogo ilícitas."As redes do crime organizado por trás de todas essas atividades ilícitas têm apenas uma prioridade: o lucro. Nós, como agentes da lei, devemos estar igualmente determinados a desmantelá-las em todas as regiões e globalmente", destacou Stock.A operação ocorreu num momento no qual o México, apoiado por 16 estados americanos e por países do Caribe, entrou com uma ação civil contra fabricantes de armas dos Estados Unidos, numa tentativa de responsabilizar as empresas por facilitar o tráfico de armas nas fronteiras.Mais da metade das "armas do crime" recuperadas na América Central vieram dos EUA, de acordo com a agência de controle americana ATF. No México, são quase 70% e aproximadamente 80% em todo o Caribe.