Quando foi eleito prefeito de Campina Grande em 2004, Veneziano Vital do Rego entrou para o alto clero da política paraibana. Ocupara na época o espaço de oposição deixado pelos Ribeiro, que encerravam naquele mesmo ano um extenso e marcante tempo de confronto político com os Cunha Lima.
De lá para cá, Vené nunca saiu do topo das listas das disputas, fossem elas majoritárias ou proporcionais. Foi reeleito prefeito, deputado federal, cotado para governador várias vezes, até chegar onde está como senador da República. Especificamente em Campina Grande, protagonizou todas as eleições municipais desde então.
Mesmo tendo perdido as últimas três – a primeira tendo Tatiana Medeiros como candidata, a segunda sendo ele mesmo o candidato, e a mais recente, com a esposa na cabeça de chapa – sempre exerceu o papel de liderança no confronto com os Cunha Lima. Longos vinte anos depois, eis que o ex-cabeludo, ainda jovem, se encontra diante de um quadro surpreendente de completo deslocamento do quadro político em Campina Grande, correndo o risco de não servir sequer para figurante na disputa, quem dirá para protagonista.
E foi a decisão que tomou na eleição que o governador em 2022 que o colocou nesta situação. Fora do segundo turno da disputa, no lugar de neutralidade ou de retorno à base do governador João Azevedo, declarado opositor dos Cunha Lima em Campina, Veneziano preferiu, motivado por mágoa talvez, se jogar nos braços dos seus adversários de duas décadas. Apoiou Pedro Cunha Lima, e fez campanha no mesmo palanque do atual prefeito Bruno Cunha Lima, candidato à reeleição.
Alguns podem dizer que Veneziano já teria fechado o acordo para indicar Ana Cláudia para vice de Bruno, permitindo que ela pudesse assumir a prefeitura diante de uma eventual desincompatibilização do prefeito, caso fosse reeleito, para disputar o governo do Estado. O problema é que esta vaga já tem dono. E é do ex-prefeito e atual deputado federal, Romero Rodrigues, conforme declarou, sem gaguejar, o próprio Bruno Cunha Lima em entrevista gravada.
Ou seja, na chapa de Bruno é que Vené não terá espaço. Restando-lhe tão somente, se quiser manter a aliança com os Cunha Lima, o lugar de torcedor da geral da reeleição do atual prefeito, com, no máximo, promessas para a eleição estadual seguinte. Uma posição completamente distinta da que ocupou nas últimas duas décadas.
Somente uma nova guinada faria o senador Veneziano, vice-presidente do Senado Federal, fugir dessa condição de aposentadoria forçada na eleição para prefeito de Campina.
Buscar uma reaproximação com o governador João Azevedo para discutir uma aliança com as lideranças políticas de Campina Grande que estão na base do governador, leia-se os Ribeiro, os Feliciano, os Galdino.
Ou lançar, pasmem, uma "terceira via" na disputa entre Bruno e o candidato, ou candidata, governista.
Essa é uma dúvida cruelíssima para se tirar no Calçadão.
Blog do Luis Torres/BlitzParaiba