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Folia pra todo gosto, faça sol ou faça chuva


Abram (mais) alas para o carnaval de Belo Horizonte, com seus domínios ampliados, aumento de blocos, número de visitantes crescente, animação do povo dobrando a cada novo ritmo. Após dois anos de folia reprimida nos espaços públicos devido à pandemia de COVID-19, embora no coração o samba pulsasse plenamente, a capital assiste a uma maior descentralização dos desfiles, para alegria dos foliões que comemoram menos deslocamentos, mais tranquilidade para brincar em família, facilidade de encontrar os amigos e outros alívios.
“Até para usar um ‘banheiro urgente’, depois da cerveja... Dá para correr em casa ou ir à de amigos sem precisar usar os banheiros químicos, sujar a rua, enfrentar fila ou passar aperto”, contou uma foliã que curtiu, na manhã de sábado, o bloco Uai Cê Samba, na Avenida Fleming, no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha.
Os mais animados não se importam nem com a chuva – como ocorreu ontem à tarde em Belo Horizonte. Nos blocos que escaparam do temporal e pegaram só uma chuva mais leve no horário do desfile, como o Trem Do Bão, na Avenida Dom José Gaspar, no Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste da capital, serviu até para refrescar.
Já o estreante Carnakvsh não deu sorte com São Pedro. Marcado para sair às 14 horas, o bloco voltado para adolescentes foi atrapalhado pela chuva, que não deu trégua na região da Savassi. Os foliões começaram a se dispersar por volta das 15h, quando o volume de água aumentou. Apesar da tempestade, o trio do DJ Kvsh continuou trabalhando. Às 17h, aproximadamente, a chuva deu uma aliviada, e a galera que estava se protegendo debaixo das marquises começou a voltar para a rua Sergipe, formando uma multidão pelas ruas da Savassi.


Recorde

De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, ao longo de todo o período carnavalesco vão desfilar 493 blocos, número maior do que em 2020, último ano da folia, antes da pandemia explodir, quando saíram às ruas 347. No final de semana, os foliões de vários cantos de BH seguiram 88 cortejos do reinado de Momo, sendo 52 no sábado e 35 ontem.
Conforme a Belotur, a Região Centro-Sul tem o maior número de blocos (39%), seguindo-se Leste (17%), Noroeste (12%), Nordeste (10%), Oeste (7%), Pampulha (6%), Norte (5%), Venda Nova (2%) e Barreiro (2%). “É com muita satisfação que vemos o Carnaval de BH de volta às ruas e com uma programação descentralizada, diversa e plural. A Prefeitura de Belo Horizonte está trabalhando de maneira integrada para que a população e turistas possam curtir a folia com segurança e fácil acesso. Agradecemos ao prefeito Fuad Noman pela confiança e apoio", diz o presidente da Belotur, Gilberto Castro.

Fora da Contorno

No início da tarde de ontem, o bloco Bethânia Custosa saiu pelas ruas do Bairro Betânia, na Região Oeste de BH. “A descentralização do carnaval é fundamental para a cidade. Além da questão da mobilidade, tem o fortalecimento da cultura e oferta de lazer a bairros, como o nosso, que não tem atividades e programação permanente para os moradores”, disse Elton Monteiro, fundador do bloco que, desde 2015, homenageia a cantora Maria Bethânia.
A produtora do Trem Do Bão, Jordana Lacerda, afirmou que a direção do bloco apoia a descentralização do carnaval para estimular a cultura e envolver moradores. “O desfile foi precedido de oficinas realizadas do próprio bairro e também de forma Itinerante para agregar outras comunidades”, contou Jordana, mostrando a camisa azul com a caixa de folia, símbolo do bloco que homenageia artistas mineiros.
A bióloga Ana Luísa Cury, moradora do Coração Eucarístico, levou a filha Marina, de 3 anos, que estava vestida de borboleta cor de rosa. “Carnaval perto de casa é bem melhor, e este é o primeiro da minha filha”, revelou Luísa.
No sábado, Uai Cê Samba estreou e agitou a turma com os sambas-enredo de escolas do Rio de Janeiro. Aproveitando a manhã ensolarada, a moradora Kênya Lúcia de Oliveira levou as filhas Melissa Glicério, de 19, estudante de design de ambiente, e Alice, de 8. “Nós amamos carnaval”, disse a mamãe, com total aprovação das meninas e da amiga Selma de Lourdes, técnica de enfermagem “em férias” e aproveitando a folia.
Para Selma de Lourdes, brincar o carnaval ou o pré-carnaval perto de casa é “fenomenal”, pois para ir até o Centro da Cidade ou a Região da Savassi é uma “viagem” em tempos de feriadão. “Já pensou pegar ônibus? Aqui há mais tranquilidade, a gente conhece o pessoal, enfim, fica tudo melhor. A festa se torna mais democrática”, disse a técnica de enfermagem, feliz da vida.
O presidente do bloco, Maurílio César Figueiredo, explicou que o objetivo do Uai Cê Samba é fazer uma união bem “ritmada dos mineiros com samba carioca”. E contou que foram feitas, na pandemia, várias oficinas virtuais com nomes do Rio: mestre Odilon Costa, que já esteve em agremiações famosas; Mestre Xula, do Cacique de Ramos; e Thayane Cantanhêde, da Vila Isabel. A galera gostou e aplaudiu.


Facilidades

Já no Bairro Planalto, o Bloco do Povo, criado no ano passado, também estreou em grande estilo ao som do axé. As amigas Louisa Castro, analista financeira, moradora do Bairro Santa Amélia; Alessandra Lima, representante comercial, do Bairro Santa Mônica; Marilângela Cristina da Silva, empresária, do Jaraguá; e Lua Ramirez, analista de planejamento, do Itapoã; brincaram juntas, posaram para fotos e ficaram satisfeitas com o bloco “pedindo passagem” na região.
“Penso principalmente na mobilidade”, disse Marilângela, pela dificuldade do trânsito, estacionamento e outras questões ligadas ao deslocamento. Louisa aprovou e destacou a presença de muitas famílias, com crianças pequenas, que puderam ficar num clima mais tranquilo, sem multidão. “A gente pode trazer o ‘cooler’ (caixa térmica) para as bebidas e economizar”, afirmou, enquanto Alessandra falou sobre a alegria de encontrar os amigos. “É tudo isso e um pouco mais... Assino embaixo”, disse Lua.

Famílias

Os papais e mamães também consideram bem oportuna a descentralização do pré-carnaval e do carnaval "do calendário" que começa no sábado. Pai de Yulle,  de 7, fantasiada de fadinha; Laura, de 4, e Gabriel, de Super-homem, o carteiro Gustavo Pereira aproveitou o sábado para curtir o samba em família, escolhendo o bloco Kiko Lindo, que tem como símbolo um personagem da famosa “Turma do Chaves”. O desfile foi na Avenida General Carlos Guedes, no Bairro Campo Alegre, na Região Norte.
“Para sair com três crianças, e ficar sem preocupação, só mesmo perto de casa. E aqui está ótimo, bom para divertir”, disse Gustavo, paparicando a criançada ao lado da tia Karina Cândido Santos e do tio Helvécio Zenóbio, aposentado.
Outros papais comungaram da ideia do carteiro. No Bloco do Povo, o morador do Bairro Santa Amélia, na Pampulha, o empresário André Alves Pimenta levou a filha Mariana, de 4, que estava vestida de Wandinha. “Com criança, é sempre melhor ficar perto de casa”, disse André.
O administrador Otávio César Oliveira foi com a filha Luísa, de 4, fantasiada de gatinha. “Estou gostando muito”, disse o papai vendo, da calçada, o bloco passar e arrastar os foliões.

Folia nas regionais

Percentual de blocos em BH, segundo a Belotur
1) Centro-Sul – 39%2) Leste – 17%3) Noroeste – 12%4) Nordeste – 10%5) Oeste – 7%6) Pampulha – 6%7) Norte – 5%8) Venda Nova – 2%9) Barreiro – 2%

Números crescentes

493

blocos desfilarão em BH em 2023

347

foram às ruas em 2020, último ano da folia antes da pandemia

88

cortejos foram registrados nesse fim de semana, sendo 52 no sábado e 35 ontem

Estadão

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