Hoje, no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea, são mais de 5 milhões de pessoas cadastradas e a fila de quem aguarda por um transplante de medula óssea chega a quase 800 pacientes. Com a pandemia, muitos doadores de medula óssea deixaram de atualizar cadastro
Mais de cinco milhões de brasileiros estão inscritos no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea. Mas com a pandemia, muitos deixaram de atualizar os dados no Redome.
“Hoje eu quero dividir com vocês a realização de um sonho meu e de uma pessoa que eu nunca vi. Eu sei que Deus me escolheu no meio de 100 mil pessoas para salvar essa vida”, diz Joice Damasceno, em vídeo postado nas redes sociais.
“Eu deixei o número de contato da minha tia, e aí, quando foi um dia, ela me ligou: 'Joice, você é cadastrada para doação de medula óssea?' Eu falei: 'Sou, por quê?'. 'Pois, então, o pessoal do Redome tá te procurando'.” conta a doadora e atendente de apoio pedagógico Joice.
E foi graças ao único número de telefone fixo no cadastro que encontraram a Joice em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte. A doação aconteceu em Curitiba, em março. O que ela sabe é que foi para uma criança.
“Eu internei num dia e no outro já fez a retirada da medula, então foi bem rapidinho”, conta.
Para ser um doador é preciso ter entre 18 e 55 anos. Basta ir ao hemocentro e retirar uma pequena amostra de sangue. O material é analisado para identificar as características genéticas que vão ser cruzadas com os dados de pacientes que necessitam de transplantes, para determinar a compatibilidade. Em pessoas que não são da mesma família, a chance de se encontrar um doador é de uma em cem mil.
Hoje, no Registro Nacional de Doadores Voluntário de Medula Óssea, são mais de 5 milhões de pessoas cadastradas e a fila de quem aguarda por um transplante de medula óssea chega a quase 800 pacientes.
Para quem depende de uma doação, todo tempo é valioso. E para quem já é doador é muito rápido e importante atualizar o cadastro. Na página principal do Redome tem um espaço para colocar os dados e ver se está tudo certo. Assim, fica mais fácil achar caso apareça alguém compatível.
“O que vimos no início da pandemia foi uma redução significativa da atualização do cadastro, e nós entendemos que isso estava relacionado a toda a questão social que cercou a pandemia e que nos acompanha até hoje. Ansiedade, preocupação, então o doador realmente esqueceu de atualizar o cadastro”, diz Danielli Oliveira, coordenadora técnica do Remo - Registro Nacional de Doadores Voluntário de Medula Óssea.
A pandemia também diminuiu o número de novo doadores. Número que, para a Paula, se resumem a um só: de um doador de medula óssea para a filha Helena, que tem leucemia mieloide aguda.
“Ela precisa do transplante, porque, por mais que a gente faça quimioterapia, pode ser que durante cinco anos, pode ser que a doença volte. Nem eu, nem o pai, nem a irmã fomos compatíveis para fazer o transplante”, diz Paula Fabiana Veloso, administradora e mãe da Helena.
Com apenas um ano e meio de vida, Helena ensina a família toda como é ser resiliente. Viver longe da irmãzinha, passar mais de 100 dias internada para o tratamento e ainda brincar, com a esperança de que tudo vai dar certo.
“Ela é uma guerreirinha. Ela já aguentou muita coisa, a gente já passou por muitas provações e ela tá ali forte, sorrindo e alegre. Tem muitas crianças que precisam do transplante, e a esperança pode ser você, basta se cadastrar”, diz Paula.
Fonte: G1