Primeira fase de melhorias foi entregue em dezembro com dobro da capacidade de atendimento do terminal de passageiros e mais tecnologias aos usuários. Primeiros voos para fora do país devem ocorrer a partir de 2025, segundo consórcio. Pista de decolagens do Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/EPTV
A entrega da primeira fase de obras no novo terminal de passageiros do Aeroporto Estadual Leite Lopes no final de 2022 aumenta as expectativas para a possibilidade de voos internacionais a partir de Ribeirão Preto (SP), uma promessa política que os moradores da cidade esperam há anos.
Na inauguração do novo espaço de atendimento dos usuários, em dezembro, o presidente da Rede Voa, Marcel Moure, não só confirmou que a internacionalização vai acontecer como também projetou uma data para que isso saia do papel: 2025.
Entenda, nos tópicos a seguir, o que se sabe sobre a internacionalização do Leite Lopes:
Qual é a empresa responsável pelo processo de internacionalização?
Por que o aeroporto de Ribeirão Preto ainda não opera voos internacionais?
Quando o aeroporto vai operar voos internacionais?
Os voos internacionais serão para passageiros e cargas?
Para que destinos os usuários de Ribeirão Preto poderão voar?
O que foi feito e o que ainda é preciso fazer antes dos voos internacionais?
A pista do aeroporto será ampliada?
Será preciso desapropriar comunidades no entorno do aeroporto?
Marcel Moure, presidente da Rede Voa
José Augusto Alves/EPTV
Qual é a empresa responsável pelo processo de internacionalização?
A empresa que comanda o processo de internacionalização do Aeroporto Leite Lopes é a Rede Voa, que em abril de 2022 assumiu a concessão estadual por 30 anos e hoje controla 16 terminais do estado de São Paulo.
No mesmo leilão, realizado em julho de 2021, o consórcio ainda obteve a gestão dos aeroportos de Franca, Bauru-Arealva, Marília, Araraquara, São Carlos, Sorocaba, Guaratinguetá, Avaré-Arandu, Registro e São Manuel.
Somente em Ribeirão Preto, o contrato estimado em R$ 130 milhões por três décadas já rendeu mudanças no terminal de passageiros, que teve a capacidade de atendimento dobrada, incremento em tecnologias para os usuários e manutenção em sistemas elétricos e de climatização.
Novo terminal de passageiros do Aeroporto Leite Lopes tem capacidade para 400 pessoas no pré-embarque
José Augusto Alves/EPTV
Por que o aeroporto de Ribeirão Preto ainda não opera voos internacionais?
A internacionalização dos voos no Aeroporto Leite Lopes, hoje considerado o quarto maior do estado de São Paulo, é uma promessa política antiga da cidade, com diferentes projetos que não chegaram ao seu objetivo final ao longo dos últimos anos.
Em dezembro de 2006, técnicos do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp) já apresentavam estudos sobre o assunto em uma audiência na época convocada pelo deputado estadual, e hoje prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira.
Em julho de 2011, uma obra foi anunciada inicialmente por R$ 256 milhões, mas não prosperou devido a impasses entre União e Estado em questões como licenciamento ambiental e tamanho do terminal de passageiros. O pacote, posteriormente com valor atualizado para R$ 443 milhões, com participação federal, estadual e municipal, previa inclusive uma ampliação da pista para 2,6 mil metros, que não aconteceu.
Aeroporto Leite Lopes em Ribeirão Preto, SP
Sérgio Oliveira/EPTV
Uma licitação foi prevista para setembro de 2015, mas as obras foram adiadas para 2016 alegadamente por questões de ordem econômica e, mais uma vez, seguiram no papel.
Em setembro daquele mesmo ano, o aeroporto também acabaria por ficar de fora da lista de investimentos do governo federal na aviação regional, porque o projeto demandava mais da metade dos recursos previstos no programa para 2017.
Dois meses depois, a situação foi revertida, quando a Secretaria da Aviação Civil (SAC) anunciou um aporte de R$ 80 milhões - incluindo uma contrapartida estadual de R$ 8,8 milhões - depois que as autoridades concordaram em realizar um projeto menor que o original.
Após um pedido de aditamento do Daesp - que elevaria o custo total para R$ 88 milhões e previa a ampliação da pista antes da do terminal de passageiros -, as obras, inicialmente projetadas para novembro de 2018, começaram em setembro e teriam prazo final mais uma vez indefinido.
Aeroporto Leite Lopes em Ribeirão Preto, SP
Sérgio Oliveira/EPTV
Em janeiro de 2019, o aeroporto chegou a receber obras orçadas em R$ 3,9 milhões, como implantação das áreas de giro em cabeceiras, instalação de acostamento nas pistas de taxiamento e reforço na pista de táxi para acesso ao pátio.
No entanto, cerca de um mês depois, o terminal de Ribeirão Preto entrou para o pacote de privatizações anunciado pelo então governador João Dória, o que levaria a mudanças no projeto de internacionalização e também na regulação do contrato, agora sob responsabilidade da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) em vez do Daesp.
Depois do pico da pandemia e dos meses de paralisações das atividades em função da crise sanitária, o leilão dos aeroportos foi realizado em julho de 2011, quando a Rede Voa assumiu a concessão em Ribeirão Preto e iniciou as melhorias.
Divisão foi feita em dois blocos
Divulgação
Quando o aeroporto vai operar voos internacionais?
De acordo com o presidente da Rede Voa, Marcel Moure, a previsão é de que os primeiros voos internacionais saiam de Ribeirão Preto a partir de 2025.
Os voos internacionais serão para passageiros e cargas?
A expectativa é de que o Aeroporto de Ribeirão Preto tenha capacidade para operar tanto voos comerciais de passageiros quanto de cargas.
Segundo Marcel Moure, o transporte de pessoas foi incluído no escopo de um projeto protocolado em fevereiro deste ano na Secretaria da Aviação Civil (SAC).
"A Rede Voa de aeroportos já protocolou junto à SAC do governo federal e à Anac. Tinha um processo que estava paralisado desde 2003 para carga e o Aeroporto Leite Lopes vai ser internacional para carga e passageiros", confirmou o presidente do consórcio.
O prefeito de Ribeirão Preto Duarte Nogueira e o presidente da Rede Voa, Marcel Moure, na inauguração do novo terminal de passageiros do Aeroporto Leite Lopes
José Augusto Alves/EPTV
Para que destinos os usuários de Ribeirão Preto poderão voar?
A Rede Voa anunciou que, em 2025, o terminal em Ribeirão Preto, hoje com partidas para diferentes cidades brasileiras como Brasília (DF), Rio de Janeiro e Belo Horizonte (MG), terá condições de levar passageiros para países do Caribe, América do Sul e América Central. Panamá e Guatemala são alguns dos destinos mencionados pelos dirigentes.
No futuro, Marcel Moure também acredita na possibilidade de voos para Europa e EUA, mas isso depende de questões operacionais e logística como capacidade de abastecimento de aeronaves e custos.
"Recebemos recentemente o Guns n' Roses privado. Só que quando você traz um avião de maior envergadura tem que fazer cálculo de capacidade de combustível/passageiro. Então por vezes ele não vai poder sair daqui para pegar Europa, EUA. Ele vai ter que fazer um pouso intermediário", explica.
Avião com Guns N' Roses desembarca em Ribeirão Preto, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
O que foi feito e o que ainda é preciso fazer antes dos voos internacionais?
O projeto que vai viabilizar a internacionalização foi protocolado pela Rede Voa na Secretaria de Aviação Civil (SAC) em fevereiro, segundo Moure. Além de modernizar o terminal, no plano que garantiu a outorga, a Rede Voa se comprometeu em:
aumentar a capacidade de passageiros por hora/pico, passando de 500 para 785;
expandir em 2 mil metros quadrados a área útil;
recapear a pista;
melhorar a iluminação;
repintar a pista principal, a área de taxiamento e o pátio;
adequar a segurança, o sistema de aproximação visual e as sinalizações horizontais e verticais
Novo terminal do Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, tem capacidade para receber 400 passageiros ao mesmo tempo
Naiana Kennedy/CBN Ribeirão
O plano inicial, com um investimento previsto em R$ 18,5 milhões, foi basicamente dividido em três fases.
Na fase 1, concluída em dezembro, o terminal teve a capacidade dobrada para acolher até 400 passageiros sentados na área de pré-embarque, instalação de catracas eletrônicas e monitores com informações em tempo real, renovação de sanitários e incremento na rede de serviços, com ao menos sete lojas em funcionamento.
A segunda etapa começa em janeiro de 2023, com previsão de entrega até julho, quando o terminal de passageiros será integrado a um boulevard e uma praça de alimentação e serviços, além de haver uma ampliação no desembarque.
Projeções da Rede Voa para obras no Aeroporto Leite Lopes em Ribeirão Preto
José Augusto Alves/EPTV
Na fase 3, prevista para se iniciar em 2024, deve ocorrer de fato a ampliação que visa a internacionalização dos voos. É nessa etapa que serão construídas áreas diferentes para embarques e desembarques domésticos e internacionais.
"Acreditamos que, uma vez estando com essa ampliação do terminal, com embarque e desembarque segregados, doméstico e internacional, aí sim cumprimos as exigências junto à Anac e a partir daí temos condições plenas de em 2025 estarmos com esse aeroporto pronto para receber voos internacionais", afirma o presidente da Rede Voa.
A pista do aeroporto será ampliada?
Segundo Moure, os atuais 2,1 mil metros de comprimento e 45 metros de largura da pista são o bastante para comportar aeronaves que fazem voos internacionais para os destinos planejados, como o Airbus A321 e o Boeing 737 Max.
Pista de decolagens do Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/EPTV
Será preciso desapropriar comunidades no entorno do aeroporto?
A concessionária garantiu também que, ao contrário do que se discutiu nos últimos anos, antes do novo contrato, não será preciso desapropriar áreas residenciais, com comunidades ao redor do aeroporto, para que o Leite Lopes leve passageiros para fora do país.
"Não é interesse da Voa, não temos nenhuma necessidade técnica, operacional e estratégica de desapropriar ninguém, acho que o mais importante é harmonizar. Se a gente puder desenvolver o aeroporto trazendo melhoria pra sociedade e impactar o menos possível o cidadão, tenho a impressão que é um ganha ganha, e é isso que nós estamos querendo fazer", diz Moure.
Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto
Divulgação/ Rede Voa
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Fonte: G1