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Álbum cinquentenário de Gilberto Gil, 'Expresso 2222' gera livro em forma de arte

Por Jr Blitz

11/12/2022 às 09:00:32 - Atualizado há
Organizada por Ana Oliveira, edição disseca os sentidos do disco de 1972 através de obras visuais e de textos escritos por nomes como Arnaldo Antunes, Fernanda Torres, Hermano Vianna, Mila Burns e Moreno Veloso. ? Álbum emblemático de Gilberto Gil que gerou textos e loas ao longo do ano, por conta das cinco décadas completadas em 2022, o disco Expresso 2222 também deu origem a um livro-objeto organizado pela escritora baiana Ana Oliveira.

Posto oficialmente em circulação na última quinta-feira, 8 de dezembro, Expresso 2222 é livro de arte que procura dissecar os sentidos e significados – através de obras visuais e de textos inéditos – deste álbum de 1972 em que o artista baiano sintetizou sons e emoções na volta ao Brasil após exílio forçado em Londres, misturando ritmos da nação nordestina com a música universal absorvida na capital da Inglaterra.

Cada uma das nove faixas do álbum é interpretada em prosa e arte visual no livro Expresso 2222 por time de acadêmicos, jornalistas e artistas plásticos.

Há quem tenha escrito textos mais analíticos, caso do antropólogo Hermano Vianna, autor do breve ensaio informativo sobre a gênese de Pipoca moderna (Sebastião Biano e Caetano Veloso, 1972), faixa que abre o disco.

Há quem tenha ido por caminho mais pessoal, caso de Mila Burns, historiadora e jornalista que, partindo de Oriente (Gilberto Gil, 1972), balada filosófica que encerra o álbum Expresso 2222, escreveu carta ao filho, com palavras cheias de afeto, conselhos, considerações e ensinamentos de mãe no mais sedutor dos textos do livro por conta de trechos como “Só quem anda devagar tem tempo de observar milagres. E mesmo que você, às vezes, tenha que ser rápido, evite ser apressado. Estranhe, investigue, respire. [...] Entre todos os seus bens, o mais valioso chegou ao mundo com você: a respiração”.

Entre o ensaio de Hermano Vianna sobre Pipoca moderna e a missiva maternal escrita por Mila Burns a partir da letra de Oriente, o livro Expresso 2222 expõe obras visuais como a pintura feita por Marcela Cantuária com inspiração na música O sonho acabou (Gilberto Gil, 1972), composta a partir de contexto de contracultura analisado por Lorena Calábria.

Capa do livro 'Expresso 2222', de Ana Oliveira

Divulgação

Com luxuoso acabamento, típica de livros de arte, a edição de Expresso 2222 tem sobrecapa que, desgarrada da embalagem, vira pôster circular com foto de Gil clicada por João Farkas. Trata-se de alusão ao formato diferenciado da capa do LP original de 1972. Criada pelo artista gráfico Ednizio Ribeiro Primo, a capa do álbum Expresso 2222 tinha abas que, uma vez desdobradas, expunham a forma originalmente circular da capa.

O conteúdo do livro é tão interessante quanto a embalagem. Artista que transita entre os campos musical e visual, Arnaldo Antunes contribui duplamente para o livro lançado pela editora Iyá Omin com 252 páginas que abarcam as reproduções das letras das músicas do disco lançado em julho de 1972, três meses após a gravação feita em abril, além de reproduções de páginas de jornais e revistas com notícias sobre Gil desde os anos 1960.

Além de ter escrito poema visual, exposto em formato tridimensional por Ana Oliveira nas páginas 92 e 93, Arnaldo Antunes assina texto em que, a pretexto de dissecar a construção da música-título Expresso 2222 (Gilberto Gil, 1972), acaba tecendo considerações sobre outras faixas do álbum.

Canção que retrata Gil com Caetano Veloso no Porto da Barra, praia de Salvador (BA), Ele e eu é abordada por Moreno Veloso, o filho baiano de Caetano, e traduzida visualmente por diagrama do artista André Vallias.

Textos da atriz e escritora Fernanda Torres (sobre Back in Bahia, música composta por Gil na batida do rock para saudar a volta à pátria brasileira) e da jornalista Patrícia Palumbo – sobre a releitura de Gil para Chiclete com banana (Gordurinha e Almira Castilho, 1959), sucesso de Jackson do Pandeiro (1919 – 1982) – turbinam o livro-objeto concebido por Ana Oliveira na linha de publicações anteriores sobre os álbuns Tropicália ou Panis et Circensis (1968) e Acabou chorare (1972).

É livro em forma de arte!
Fonte: G1
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