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"Queremos vencer juntos, não uns contra os outros", diz Macron em encontro com Biden na Casa Branca


Presidente da França faz sua primeira visita aos Estados Unidos desde que Joe Biden chegou ao poder, em 2021. Os presidentes da França, Emmanuel Macron, e dos Estados Unidos, Joe Biden. Em 1° de dezembro de 2022

REUTERS/Jonathan Ernst

Em sua primeira visita oficial aos Estados Unidos desde a reeleição e desde que Joe Biden chegou ao poder, o presidente francês Emmanuel Macron subiu o tom contra o protecionismo americano, lamentando uma política agressiva de Washington. Biden respondeu que os investimentos em seu país não serão às custas da Europa. Ambos os presidentes destacaram que deveriam reforçar a sua parceira militar. Apesar dos temas delicados em pauta, os dois líderes mostraram, nesta quinta-feira (1°), a solidez da aliança entre os dois países.

Após as críticas de Macron sobre a política industrial americana, Biden prometeu que a "criação de empregos em seu país não será às custas da Europa". Foi uma resposta à fala do francês na véspera, sobre sua preocupação em relação às consequências para as empresas europeias do plano de investimentos anunciado pelo governo americano para combater a inflação.

"Queremos vencer juntos, não uns contra os outros", disse Emmanuel Macron, na coletiva de imprensa desta quinta-feira, ao lado de seu colega americano. "Tivemos uma conversa muito boa. Vamos sincronizar nossas abordagens e nossas agendas", completou o líder francês.

“O presidente Biden quer criar empregos industriais a longo prazo para o seu país, construir uma sociedade forte e garantir suprimentos e isso é uma visão da qual compartilhamos", afirmou Macron. "Estou saindo confiante, mas também lúcido sobre o que precisa ser feito do lado europeu", afirmou. "Decidimos que íamos sincronizar nossas abordagens e nossas agendas para investir em indústrias emergentes críticas, como semicondutores, hidrogênio, baterias", especificou.

EUA e França também querem mostrar que concordam sobre a resposta a ser dada à invasão da Ucrânia pela Rússia. Biden disse estar "pronto para conversar" com Putin se este "buscar uma maneira de acabar com a guerra".

Macron garante que "nunca" exigirá de Kiev "um compromisso" que seria "inaceitável" para a Ucrânia.

Pompa

Emmanuel Macron e sua mulher Brigitte são recebidos com pompa na Casa Branca para essa visita de Estado. Tiros de canhão e hinos nacionais na chegada, reunião no Salão Oval, conferência de imprensa conjunta e jantar de gala: tudo foi cuidadosamente pensado para mostrar uma boa relação entre os dois aliados.

O presidente Joe Biden elogiou, em francês, os valores de "liberdade, igualdade e fraternidade", lema da França. "Os Estados Unidos não poderiam escolher um parceiro melhor para trabalhar do que a França", disse o presidente americano em um breve comunicado, enfatizando que a aliança continua sendo "essencial".

“Nosso destino comum é responder juntos” aos desafios do mundo, completou o presidente francês.

Diante da guerra na Ucrânia e de "múltiplas crises", Macron enfatizou que a França e os Estados Unidos deveriam "se tornar irmãos de armas novamente" e compartilhar a responsabilidade por proteger a democracia. Os dois países "são os aliados mais fortes porque esta amizade está enraizada ao longo dos séculos", disse o líder francês.

Protecionismo americano na pauta

Para o líder francês, o fato de os Estados Unidos e a França serem aliados e até amigos “não impede de dizer verdades uns aos outros”.

Durante um almoço na quarta-feira (30) com os membros do Congresso americano e depois perante a comunidade francesa, na Embaixada da França, Macron alertou para as consequências de subsídios massivos, que podem "matar muitos empregos" na Europa. Os Estados Unidos e a União Europeia "não estão em pé de igualdade" por causa dos subsídios às empresas americanas previstos no grande plano climático do presidente democrata, lamentou Macron novamente, nesta quinta-feira, em entrevista à rede de notícias ABC.

Apesar das divergências sobre o projeto de recuperação industrial americana, considerado "agressivo" por Paris, as "duas nações são irmãs na defesa da liberdade", destacou Macron.

Mais antigo aliado

Depois da presidência de Donald Trump, o democrata Biden busca estreitar os laços com os parceiros tradicionais dos Estados Unidos, incluindo o seu "mais antigo aliado", como Washington costuma designar a França.

Isso não impediu que, em setembro de 2021, Washington anunciasse uma nova aliança militar com o Reino Unido e a Austrália, AUKUS, e um enorme contrato para o fornecimento de submarinos com Canberra, em detrimento da França. Sem recuar dessa decisão, Joe Biden reconheceu uma “falta de jeito”.

Desde então, o americano faz de tudo para apaziguar as relações com Macron, em um processo que os analistas dizem culminar nesta solene recepção em Washington.

Depois da política “América primeiro” de Donald Trump, os dois países voltam a dialogar. O professor Jean-Baptiste Velut, da Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris, destaca o retorno a um período de respeito às instituições multilaterais. "Mas há a continuidade de uma política protecionista do comércio por parte dos americanos”, diz o especialista em política comercial americana, em entrevista à RFI.

O professor lembra que nessa viagem a Washington, Macron representa, também, as economias da zona do euro. O discurso em tom agressivo de Macron “é uma maneira de dizer que a União Europeia (UE) se afirma e não quer ser prejudicada comercialmente. Mas a guerra na Ucrânia fez com que a relação entre os dois países seja mais cordial, já que a Aliança Transatlântica se tornou mais forte agora do que durante o governo Trump”, observa.

Washington gostaria que os europeus compartilhassem mais de sua preocupação com a ascensão de Pequim. Mas nesse caso, a França prefere traçar seu próprio caminho diplomático.

Mas essas questões sérias devem ser temporariamente deixadas de lado durante um jantar de gala na noite desta quinta-feira. As mesas repletas de castiçais e flores foram decoradas com as cores dos dois países. No menu, lagosta, carne bovina e um bolo de laranja e queijos americanos, uma insistência da primeira-dama, Jill Biden. Os brindes serão feitos com um espumante americano, mas em taças fabricadas na França.

G1

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