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Com 27 anos de carreira e álbum novo à vista, Badauí fala sobre política, Copa do Mundo e momento do rock no Brasil: 'Público fiel'

Por Jr Blitz 11/11/2022 às 06:51:53
Em conversa com o g1 antes de show em Sorocaba (SP), vocalista da banda CPM 22 disse que grupo vive 'momento muito bom', falou sobre a importância de se posicionar em ano eleitoral e criticou os jogadores da Seleção Brasileira. Badauí, vocalista do CPM 22, durante show em Sorocaba

Vitor Bido/Divulgação

Quando os singles "Tarde de Outubro" e "O Mundo Dá Voltas" explodiram nas rádios brasileiras, no fim dos anos 90 e início dos anos 2000, o vocalista Fernando Badauí (ou simplesmente Badauí) sequer imaginava que, quase três décadas depois, a banda de rock CPM 22 continuaria lotando shows pelo Brasil afora. Antes de uma apresentação em Sorocaba (SP), o cantor conversou com o g1 sobre política, Copa do Mundo e o momento que o rock vive no país.

Para o integrante do grupo, que está há 27 anos na estrada, mesmo com a ascensão de gêneros como trap, funk e sertanejo na última década, o rock ainda tem espaço no Brasil. Prova disso é o fato de que, em sete anos, o CPM 22 se apresentou três vezes no Palco Mundo (o principal) do Rock in Rio e segue arrastando multidões, assim como outras bandas, como Detonautas, Capital Inicial, Dead Fish e a cantora Pitty.

"O rock sempre viveu às margens entre os estilos musicais, no Brasil principalmente, porque é um estilo importado, não é natural daqui, mas o público é muito fiel. Antigamente, você precisava de uma TV aberta para ter uma exposição maior e renovar esse público. Agora, com a internet e a quantidade de público que a gente tem nos shows, é inevitável não passar isso para frente", opina.

CPM 22 se apresentou no Palco Mundo do Rock in Rio 2022

Stephanie Rodrigues/g1

De olho no futuro, Badauí diz que a banda vive um "momento muito bom" e que o underground está tão forte hoje em dia que, em parceria com os colegas, decidiu montar um selo de distribuição de música digital para "dar uma mexida nesse movimento".

"A gente está num momento muito foda. A gente passou por uma mudança de formação [com a saída do baterista Japinha, em 2020], mas a gente toca todo final de semana e os shows continuam lotados. O rock está sempre ali. O Brasil é enorme e, mesmo que seja uma minoria que gosta de rock em comparação com outros estilos, esse público ainda é muito grande, e ele mantém as bandas trabalhando."

Após o sucesso de "Tudo Vale a Pena?", uma parceria com o letrista Sérgio Britto, dos Titãs, em julho deste ano, a banda CPM 22 agora se prepara para lançar um disco cheio no ano que vem - o último álbum de estúdio do grupo foi divulgado em 2017, há cinco anos.

CPM 22 lançou 'Tudo Vale a Pena?' em parceria com Sérgio Britto, do Titãs

Caio F. Brandão

Posicionamento político

O fato de ter crescido ouvindo bandas como Dead Kennedys faz com que Badauí não abra mão de se posicionar nas redes sociais e até nos shows quando o assunto é política - especialmente em ano de eleições presidenciais. Como artista e figura pública, ele foi bastante enfático ao criticar o governo atual durante todo o período eleitoral.

"A gente é uma banda que vem do punk rock. A gente aprendeu com os nossos ídolos que essa é uma forma de se expressar, de mostrar tudo o que a gente acredita, a nossa visão de mundo. Não tem como, isso está no meu sangue. Eu fui influenciado por essas bandas, e não dá para eu ser a favor de um governo que luta contra tudo isso que eu acredito", comenta.

"Acho que nesse momento era importante se posicionar sim, porque realmente a democracia corria riscos, e a classe artística é consequência disso. Nós somos atacados diariamente por esse governo, então seria muito óbvio a gente lutar contra isso. Depois [com o novo governo], a gente vai cobrar do mesmo jeito, como sempre foi cobrado."

Show do CPM 22 em Sorocaba; cantor costuma se posicionar durante apresentações

Vitor Bido/Divulgação

Apesar de ser muito criticado nas redes sociais pelos comentários que faz quase que diariamente, o cantor diz que não está preocupado com isso e que vai continuar expressando suas opiniões sempre que julgar necessário.

"Não quero fã reacionário que gosta de arma no meu show. Eu quero fãs que debatam comigo, que também tenham opiniões contrárias às minhas, mas que sejam democratas", completa.

Sem identificação

Além dos posts polêmicos sobre política, Badauí, que é conhecidamente fã de futebol, ganhou repercussão nas últimas semanas ao fazer um comentário sobre a Seleção Brasileira. Em um tweet publicado no fim de outubro, o artista criticou a "antipatia" dos jogadores. Leia:

Ao g1, o vocalista do CPM 22, que acompanha futebol, joga bola nos dias de folga e está sempre nos estádios, esclareceu que nunca torceria contra a Seleção Brasileira, mas que entende o motivo de os brasileiros terem perdido a identificação com o time.

"Você vê nos programas esportivos há muito tempo os comentaristas falando que a Seleção Brasileira perdeu a identidade com o povo brasileiro. O meu sentimento pelo Corinthians é muito maior do que pela Seleção, mas eu não vou torcer contra, nunca vou fazer isso. Acho até que a Seleção está muito forte este ano. Agora, eu entendo o porquê dessa distância com o povo brasileiro, porque os jogadores não olham nem para o lado, não tiram foto com ninguém e, quando tiram, é de má vontade", conclui.

Na segunda-feira (7), o técnico Tite anunciou os nomes dos 26 jogadores que vão defender a Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Catar. A grande surpresa foi a presença do lateral-direito Daniel Alves, que está no Pumas, do México. Confira a lista completa aqui.

Neymar foi o mais criticado pelo cantor Badauí, vocalista do CPM 22

Anne-Christine Poujoulat/AFP

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Fonte: G1

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