Valério Luiz foi morto a tiros no dia 5 de julho de 2012. Das 24 testemunhas que seriam ouvidas à princípio, 16 foram dispensadas. Acusados de matar o radialista Valério Luiz, em Goiânia, Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
O segundo dia de julgamento dos acusados de matar o radialista Valério Luiz aconteceu nesta terça-feira (8), no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), em Goiânia. A sessão, que durou quase 12 horas, contou com os interrogatórios dos réus. Segundo o TJ-GO, das 24 testemunhas que seriam ouvidas à princípio, 16 foram dispensadas.
Compartilhe no WhatsApp
Compartilhe no Telegram
Cinco testemunhas de acusação foram ouvidas na segunda-feira (7) e outras três da defesa foram ouvidas nesta terça-feira. Segundo o TJ-GO, Antenor Pinheiro, testemunha que seria ouvida hoje, foi dispensado após entendimento de que sua fala não era necessária. A expectativa é que o júri seja finalizado na quarta-feira (9), no entanto, conforme o tribunal, o prazo depende do andamento dos depoimentos.
LEIA TAMBÉM
Veja sobre o primeiro dia: cinco testemunhas ouvidas e discussão entre defesa e acusação; veja como foi 1º dia
Após quatro adiamentos, acusados de matar o radialista Valério Luiz devem ser julgados em Goiânia
'TIVEMOS ADIAMENTOS POR TODAS AS RAZÕES POSSÍVEIS': Filho de Valério Luiz espera que júri seja realizado nesta 5ª tentativa
O início do segundo dia do júri atrasou mais de uma hora. De acordo com o juiz Lourival Machado, o atraso foi causado após um acidente de trânsito com uma testemunha da defesa. Segundo o advogado de defesa Ricardo Naves, Adson Batista “esbarrou” o carro quando estava a caminho do local, mas não houve vítima.
Os cinco acusados do crime são:
Maurício Sampaio, apontado como mandante;
Urbano de Carvalho Malta, acusado de contratar o policial militar Ademá Figueiredo para cometer o homicídio contra o radialista;
Ademá Figueiredo Aguiar Filho, apontado como autor dos disparos que mataram Valério;
Marcus Vinícius Pereira Xavier, que teria ajudado os demais a planejar o homicídio do radialista;
Djalma Gomes da Silva, que teria ajudado no planejamento do assassinato e também atrapalhado as investigações.
Os réus começaram a ser ouvidos por volta das 14h30. O juiz Lourival Machado pediu a interrupção da transmissão dos interrogatórios dos acusados. Conforme o Tribunal de Justiça de Goiás, não é permitido que os acusados acompanhem os depoimentos uns dos outros e, como o réu Marcus Vinícius Pereira Xavier assiste o júri por videoconferência, ele poderia ter acesso ao conteúdo das falas.
No primeiro e segundo dia, o julgamento foi voltado para ouvir as testemunhas e para o interrogatório dos réus. Após os depoimentos, a acusação e defesa devem apresentar suas argumentações aos jurados.
Veja abaixo a avaliação da acusação, pelo advogado Valério Luiz Filho, e da defesa, pelo advogado Ricardo Naves, sobre o segundo dia de júri e a preparação para o terceiro dia, onde devem ser realizadas as apresentações das partes (assista abaixo):
Valério Luiz Filho avalia como foi o segundo dia do júri do Caso Valério Luiz
Ricardo Naves avalia como foi o segundo dia do júri do Caso Valério Luiz
Depoimento de Joel Datena
Joel Datena diz que Figueiredo estava em sua casa no dia que Valério foi assassinado
Reprodução/TV Anhaguera
A primeira testemunha a ser ouvida foi o jornalista Joel Datena, que falou por quase 1h30. Ele prestou depoimento como testemunha de defesa do Policial Militar Ademá Figueiredo, que era seu segurança e, atualmente, apontado como autor dos disparos que mataram Valério.
O jornalista afirmou que não conhecia o radialista Valério Luiz antes de sua morte e não sabia de nenhum envolvimento dele com seu segurança, Ademá Figueiredo. “Nunca tive atividade profissional com ele, nunca fui ligado à imprensa esportiva”, disse.
Joel Datena afirmou ter saído de casa mais cedo que o habitual, por volta de 14h30, no dia do crime, acompanhado de Ademá Figueiredo, apontado como autor dos disparos que mataram Valério. A morte de Valério Luiz foi registrada por volta de 14h, do dia 5 de julho de 2012.
Joel Datena diz que Figueiredo estava em sua casa no dia que Valério foi assassinado
Joel Datena chegou a contar detalhes da rotina dele no dia do crime: foi à academia, buscou as crianças no colégio, almoçou e saiu para o trabalho, tudo em companhia do réu Ademá Figueiredo. Questionado se Ademá Figueiredo estava trabalhando em sua segurança no dia do crime, Joel afirmou que o réu estava na casa dele no dia. “
Figueiredo estava dentro da minha casa naquele momento, quando desci, o vi”, disse.
Questionado pela promotoria sobre um comentário feito por Valério Luiz sobre o Atlético "quando os barcos estão afundando, os ratos são os primeiros a sair" na ocasião em que Maurício Sampaio e outros dirigentes deixavam a gestão do time e também sobre Maurício Sampaio se sentir “agredido” com as palavras do radialista, Joel Santana afirmou que existiam problemas entre a gestão do Atlético e algumas emissoras, mas que não se recorda de algo específico entre a vítima e Sampaio.
“Alguns problemas existiam entre a gestão do Atlético e algumas emissoras. Objetivamente, não tinha conhecimento porque não inteirei muito do meio esportivo”, disse.
Depoimento de Marcos Egídio
Marcos Egídio presta depoimento sobre morte de Valério Luiz
Michel Gome/g1 goiás
Testemunha da defesa, o advogado do Atlético-GO Marcos Egídio falou por cerca de 1h. Segundo ele, a relação de Valério Luiz com o Atlético ficou estremecida por causa dos comentários “agressivos” do radialista. Apesar da instabilidade na relação, o advogado afirmou que no futebol esse tipo de situação era normal.
O advogado comentou sobre o boletim de ocorrência registrado por Maurício Sampaio contra Valério Luiz.
“O Maurício estava representando o Atlético. Eu fui com ele na delegacia, o delegado falou que o Maurício tinha que assinar, porque não podia ser uma pessoa jurídica a vítima”
Marcos Egídio declarou que, após ameaças de torcedores do Goiás, Maurício Sampaio começou a andar com os seguranças Urbano de Carvalho e Djalma da Silva. Segundo ele, Sampaio chegou a emprestar uma casa para Urbano morar, já a relação com Djalma da Silva era apenas de segurança nos jogos.
Depoimento de Adson Batista
Adson Batista presta depoimento sobre morte de Valério Luiz
Augusto Sobrinho/O Popular
Presidente Executivo do Atlético Clube Goianiense, Adson Batista foi a terceira testemunha da defesa ouvida nesta terça-feira, também por cerca de 1h. Na época do crime, Adson era gestor de futebol do clube e subordinado a Maurício Sampaio. Durante a fala, a testemunha destacou que tem uma amizade com Sampaio e que "é grato e deve muito a ele".
Adson afirmou que Valério Luiz "extrapolava" os limites nas críticas ao clube e era muito polêmico.
“Esse povo (jornalistas esportivos) são sensacionalistas, buscam denegrir a imagem. Se tem difamação eu processo, acho que é o caminho. A gente tem que ter equilíbrio”, enfatizou Adson.
O presidente do Atlético ainda citou que pediu para que Maurício Sampaio assinasse uma carta que proibia Valério Luiz de frequentar o clube e ressaltou que, apesar das falas e do posicionamento, não se justifica que o radialista tenha sido assassinado.
“Esses caras falam muitas coisas da boca pra fora. O filho dele é polêmico pra caramba também. Mas não justifica ele ser assassinado por isso”, destacou.
Interrogatório de Ademá Figueiredo
Ademá Figueiredo é réu no caso do assassinato de Valério Luiz
Reprodução/TV Anhanguera
O primeiro réu a ser interrogado foi o policial militar Ademá Figueiredo, apontado como autor dos disparos que mataram Valério Luiz. Durante o interrogatório, ele disse que, antes do crime, conhecia apenas Urbano e Sampaio, mas que o último mentiu sobre contratar o serviços de segurança dele.
“Passei a conhecer Sampaio quando ia ao cartório dele com Joel [Datena] para ele fazer a transição da empresa. Sampaio nunca me pagou um real. Nunca fiz segurança pra ele. Ele está mentindo”, alegou.
Ademá Figueiredo também defendeu que nunca ligou para Marcos Vinícius, dono de açougue que é acusado de emprestar moto e ter guardado arma do crime.
“O Marcus conheci durante uma ocorrência de tráfico de drogas, ele estava sendo preso.”, explicou.
“Já tem 10 anos que quero falar isso aqui. Eu tenho 30 anos de PM. Nunca precisaria dessa logística de capacete, moto, de um ladrão pé rapado, para tirar a vida de um pai de família”, disse.
O PM também falou sobre outros processos pelos quais responde. “Como policial já respondi por confronto, outras ocorrências. São tantos, sempre estamos em juízo respondendo uma coisa e outra”, defendeu.
Sobre o dia do crime, Ademá afirmou que estava na casa do jornalista Joel Santana, para quem trabalhou como segurança por 10 anos.
“No dia do crime eu estava dentro da casa do Joel Datena, deitado no sofá, vendo televisão. Joel disse: "Apronta que estamos saindo". Ele estava com dois carros na revisão”.
Promotoria questionou Ademá sobre as chamadas entre ele e Marcus e o militar afirmou que “não era costume ligar pra ninguém durante o dia".
Rebatendo as afirmações de Ademá, Valério Luiz Filho, assistente de acusação e filho da vítima, alegou que Marcus, em todos os depoimentos, falou que conhecia o policial.
Interrogatório de Djalma da Silva
Segundo réu ouvido, o também policial militar e ex-segunrança de Sampaio Djalma da Silva é acusado de ter ajudado no planejamento do assassinato e também atrapalhado as investigações sobre o crime.
“Conheci Maurício porque a rádio tinha uma cabine no Serra Dourada. Sou atleticano e frequentava o estádio pra ver jogo do Atlético, permanecia embaixo”, contou.
Questionado sobre sua relação com o açougueiro Marcus, Djalma contou que o conhecia pelo apelido “Marquinhos”.
“Eu morava com minha ex no setor Santos Dumont e comprava carne no açougue dele. Conheci o açougueiro, com o apelido de Marquinhos. Bati papo no comércio e ele pediu meu telefone, eu passei. Um dia ele ligou, disse que o irmão fez merda, me ligou pedindo para ajudá-lo”, relembrou.
Ele contou que Marcus queria que ele ajudasse para que o irmão, menor de idade, não fosse preso após o assasinato de uma pessoa a pauladas. “Queria que eu prendesse os outros e não o irmão dele. Expliquei que teria que aprender o menor. Falei: confesso, a legislação é branda e logo logo está na rua”, disse.
Djalma negou que Marcus já tenha atuado como seu informante e o definiu apenas como "conhecido". Questionado sobre sua relação com Sampaio, o policial militar disse que o cartorário indicou escola para os seus filhos.
“Maurício me chamou, falou pra eu ir em "escola tal", mandou meus meninos e conseguiram uma bolsa. Era uma escola boa. Deu certo. Minha menina estudou lá até se formar no ensino médio e meu menino está lá agora terminando o ensino médio. Não pagam mensalidade, são bolsistas.”
Já sobre a data do crime, o policial militar afirmou que estava em operação juntamente com um colega e que não sabe dizer se falou com Marcus no dia do crime. "Não tenho ideia do que aconteceu. Eu estava em Leopoldo de Bulhões. Se você pegar o endereço, o código, você vai ver que o endereço é o Leopoldo de Bulhões”, defendeu.
Questionado por Valério Luiz Filho sobre a motivação para ele ter mantido contato com todos os acusados do crime, Djalma defendeu que não houve retorno da localização das ERBs - equipamentos que conectam telefones celulares e a companhia telefônica.
“Até hoje a operação de telefone não retornou com a localização das ERBs. O que vocês têm foi algo feito ilegalmente pela inteligência da Policia Civil que pode colocar o número de qualquer pessoa no lugar”, alegou. “Não existe um documento da operadora falando que o celular X ligou pro Y”, reiterou em outr momento do interrogatório.
Djalma contou ainda que quando Valério foi assassinado ele não trabalhava mais com Joel. “Eu tinha ido fazer o CAS [Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos]. No fato, eu já não trabalhava com o Joel há alguns meses”, defendeu.
Valério Luiz Filho questionou se ele se lembra de ter falado com Urbano por telefone no dia do crime e Djalma disse que, “provavavelmente”, falou. “Sei que liguei pra várias pessoas, mas para quem eu liguei eu não lembro”, disse.
Interrogatório de Urbano Malta
Urbano Malta é réu no caso da morte de Valério Luiz
Gabriela Macêdo/g1 Goiás
Acusado de contratar o policial militar Ademá Figueiredo para cometer o homicídio contra o radialista, o empresário Urbano de Carvalho Malta falou por quase 1h30. No seu interrogatório, ele confirmou que conhecia Djalma Gomes da Silva, Maurício Sampaio e Ademá Figueredo, mas negou conhecer o açougueiro Marcus Vinícius Xavier.
Já sobre Valério Luiz, Urbano contou que não o conhecia muito. O empresário, que morava perto do local do crime, disse que no momento dos disparos estava cuidando de galinhas e esperou um tempo até averiguar a situação.”Escutei os disparos, aguardei um pouco e saí pelo portão de baixo”, disse.
“Não liguei para o Maurício porque ele estava sem celular, senão teria ligado na hora igual liguei pra várias outras pessoas. Tinha estado no cartório para resolver uma multa, mas eu ia lá se ele estivesse lá ou não”, disse.
Sobre ter recebido ligação de Djalma, Urbano negou. A promotoria questionou o empresário sobre o CPF da mãe Djalma ter sido usado para habilitação de duas linhas telefônicas e sobre o processo apontar que ele tenha feito a habilitação e ele respondeu: “Não habilitei e não tenho nada a ver com esse crime aqui, isso eu garanto para o senhor”.
Interrogatório de Maurício Sampaio
Maurício Sampaio durante interrogatório no júri da morte do radialista Valério Luiz, em Goiânia, Goiás
Gabriela Macêdo/g1 Goiás
O cartorário Maurício Sampaio foi o penúltimo réu a depor no segundo dia do júri da morte de Valério Luiz. Ele iniciou sua fala às 19h32 e falou por quase duas horas, encerrando às 21h10. Em seu depoimento, ele negou ter cometido o crime e afirmou que conhecia todos os réus na época do crime, exceto o açogueiro Marcus Vinícius.
Ao ser questionado pelo juíz e pelos promotores, Maurício negou ter contratado Djalma e Ademar Figueredo como seus seguranças, ainda que tenha estado em estádio com eles.
"Eles andavam comigo, não eram meus seguranças", disse.
Ele ainda relembrou que conheceu Urbano por meio de Djalma e que Urbano teria residido em um imóvel seu, localizado próximo ao local do crime. Segundo Maurício, Urbano residiu no local no momento em que eles selaram uma parceria profissional. Maurício explica que, tanto ele quanto Urbano tinham caminhões e que, como Urbano trabalhava com serviços de frete de areia, alugava seus veículos para a realização do trabalho.
Segundo ele, tal imóvel foi adquirido com o objetivo de "edificação".
"Eu não tinha contato com os proprietários do local. Quem fez a transação foi meu . Lá era o último qurteirão que poderia edificar no Setor Bueno e a proposta era essa, de edificar", pontuou.
Ele contou, inclusive, que estava sem telefone na época do crime, por ter perdido o aparelho durante uma viagem ao Rio de Janeiro, e que foi Urbano quem deu a notícia de que Valério havia morrido, quando ele foi até o cartório. Maurício ainda fala do momento em que conheceu Valério Luiz. Segundo ele, teria sido no momento em que ele entrou para o Atlético, em 2006.
"Daí para frente, sempre tivemos contato", declarou.
Ele negou, no entanto, já ter tido qualquer tipo de desavença com o radialista, ainda que ele tenha registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra falas do radialista. Também considerou a relação que tinha com Valério como "respeitosa".
"Que eu me recordo, nunca [brigamos]. Nem quando fiz o TCO. Nos encontramos na audiência", disse.
"Nunca existiu nenhuma desavença entre eu e o Valério. Uma frase não pode atingir um dirigente de futebol. Uma frase solta vai fazer o quê?", completou.
Maurício também disse não ter se incomodado com a famosa frase dita por Valério "sobre os ratos". A frase foi dita por Valério Luiz durante um programa televisivo: "Meu amigo, você pode olhar em filme de aventura, quando o barco está enchendo de água, os ratos são os primeiros a pular fora". Segundo um promotor, um assessor de imprensa do Atlético teria dito que a frase se referia aos membros que estavam de saída do clube. Entre eles, estava Maurício.
O cartorário, no entanto, pontuou que sua saída se seu antes da fala de Valério e antes da carta que foi assinada por ele e Valdivino, presidente do time à época, que considerava Valério persona non grata e o impedia de entrar no local. Segundo Maurício, ele assinou o documento a pedido de Adson Batista, atual presidente executivo do time, e teria questionado o motivo dele assinar, uma vez que ele não estaria mais como vice-presidente do clube.
Ele também afirmou não ter lido a carta que estava afirmando, alegando ter sido informado do teor do documento por Adson. Também disse não ter conhecimento de quem redigiu a carta.
"Ele explicou que estava proibindo o Valério de entrar no clube", pontuou.
Interrogatório de Marcus Vinícius
Marcus Vinícius durante interrogatório no júri da morte do radialista Valério Luiz, em Goiânia, Goiás
Gabriela Macêdo/g1 Goiás
O último réu a ser interrogado nesta terça-feira foi o açogueiro Marcus Vinícius Xavier. Ele iniciou o depoimento às 21h24, negando todas as acusações do crime contra ele e afirmando que, dos réus, conhecia apenas Djamla da Silva. Ao todo, ele falou por cerca de 1h20. O interrogatório foi realizado por meio de uma vídeoconferência, uma vez que ele reside em Portugal.
Ao negar ter envolvimento no crime, ele apontou o pai da vítima, Mané de Oliveira, como a pessoa que teria apontado o nome dele como "quem tinha matado Valério Luiz".
"Minha acusação foi baseada no que o Mané de Oliveira quis que ocorresse. Quando fui preso, ele não saía da porta da delegacia. Os delegados falavam que não aguentavam mais ele lá. Eles foram pressionados", disse.
Ao ser questionado pelo juiz, Marcos justificou ter confessado inicialmente o crime, em um primeiro depoimento à polícia, logo após ele ter sido preso pela primeira vez, por ter sido "espancado" por policiais.
“Eles me bateram até eu não aguentar mais”, disse.
Em depoimento, Marcus Vinícius ainda alegou que a delegada que conduziu o caso à época, Adriana Ribeiro, quem teria apresentado uma lista de nomes que ele deveria apontar como os envolvidos no crime.
No depoimento, ele se definiu como uma "folha em branco onde [os policiais] escreveram tudo o que queriam em cima de mim". Apesar de Marcus Vinícius lembrar ter confessado o crime aos policiais em um primeiro depoimento sob alegação de que teria feito isso após ter sido torturado, o juiz relembra que tal declaração não foi aceita pelos policiais, devido a divergências presentes no depoimento.
Depois do crime, quando Marcus Vinícius foi para Portugal, considerado foragido da Justiça, segundo o juiz que presidia a sessão, o réu foi preso a pedido do magistrado e extratitado. Quando estava preso, ele chegou a escrever uma carta ao Ministério Público, pedindo para ser ouvido e alegando ter um fato novo a ser apresentado.
Ele ainda afirmou que, nesta ocasião, ao ir até o Ministério Público, os promotores teriam oferecido uma deleção premiada para ele. Os promotores do caso negaram o fato durante o interrogatório. Marcus Vinícius também confirmou que não existe nenhum documento que ateste a existência dessa delação premiada.
Apesar de ter afirmado que tinha um fato novo para ir até o Ministério Público, Marcus afirmou ter relatado a mesma versão de seu primeiro interrogatório, se colocando como culpado do crime. No entanto, durante o depoimento, afirmou que todas as vezes que se colocou como executor teria sido devido ao espancamento que sofreu dos policiais, ainda que tenha admitido não ter sofrido nenhum tipo de pressão durante o juízo para fazê-lo.
"Eu queria a liberdade. Vim desenhando essa versão na minha cabeça", disse, se referindo ao fato de ter se declarado como culpado.
VÍDEOS: últimas notícias de goiás