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Pesquisadores coletam amostras de golfinhos de Noronha; 'diversidade genética tem diminuído', diz coordenadora de estudo

Por Jr Blitz 24/10/2022 às 07:26:34
Ana Paula Farro explica que menor diversidade aponta para maior risco para espécie. Equipe da Universidade Federal do Espírito Santo monitora golfinhos-rotadores desde 2004. Pesquisadores realizaram coletas em Noronha

Projeto Golfinho Rotador/Divulgação

Pesquisadores coletaram amostras de golfinhos-rotadores de Fernando de Noronha. O objetivo é acompanhar como está a variabilidade genética da espécie. O estudo é realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Ao longo dos anos, eles constataram que tem diminuído a variabilidade genética dos golfinhos-rotadores de Fernando de Noronha. Segundo a bióloga e professora da UFES Ana Paula Farro, isso pode ser um risco para a espécie e reforça a necessidade de preservação do meio ambiente.

Ana Paula é também coordenadora da pesquisa, que é executada em parceria com o Projeto Golfinho Rotador desde 2004. Durante visita à ilha para coleta de novas amostras, a estudiosa falou sobre a questão da diversidade genética.

“No início do nosso trabalho, os golfinhos de Noronha representavam 75% do total. Atualmente, essa linhagem chega a 95% dos animais. A diversidade genética tem diminuído”, disse a bióloga.

Ao longo dos anos, foi constatada a existências de golfinhos residentes na ilha, que são de uma linhagem exclusiva do local, e animais que são de outras localidades, mas frequentam Noronha.

"Quanto mais parecidos geneticamente, menor a diversidades. Nesse caso, teremos que ficar mais atentos a populações de golfinhos, eles teriam uma resposta menos positivas as pressões ambientais”, afirmou a pesquisadora.

Linhagem de golfinho de Noronha foi identificada

José Martins/Acervo Pessoal

A diminuição da diversidade genética pode representar riscos para os golinhos. “Quanto maior a variabilidade genética, maior é a chance desses animais permanecerem no ambiente em diferentes pressões ambientais. É necessária uma diferenciação genética para os indivíduos terem como manter e serem mantidos no ambiente”, falou.

Ana Paula Farro usou como exemplo da importância da variação genética a pandemia da Covid-19.

“No caso da pandemia, a gente teve diferentes respostas ao vírus. Se todos fossem iguais, geneticamente, iríamos responder da mesma forma ao coronavírus. Da mesma forma são os golfinhos. Toda população precisa de variabilidade para responder diferente, e quem tiver melhor sucesso permanece na população”, indicou a estudiosa.

A pesquisadora disse que a alternativa para garantir a existência dos golfinhos é conservar o meio ambiente.

“Temos que conservar esse ambiente, Fernando de Noronha, na melhor maneira possível. É preciso ter menos lixo, menos contaminantes na água, menos estresse no uso da área para os golfinhos permanecerem na área para que os animais possam se reproduzir e aumentar a variabilidade” falou Ana Paulo Farro.

Coleta de amostras

Esponja é usada para coleta do material

Projeto Golfinho Rotador/Divulgação

O estudo é feito a partir da coleta de amostras dos animais da ilha, que é feita utilizando uma esponja e um leve toque na pele no animal.

“A gente só encosta a espoja. A pele dos animais sai facilmente por serem animais marinhos, que estão constantemente na água. O golfinho não sente dor e não fica nenhuma marca”, disse a bióloga.

Os estudiosos da UFES coletaram material genético dos golfinhos na ilha por uma semana para análise. Foram colhidas 94 amostras dos animais de Noronha.

“Com a pele do golfinho, nós conseguimos extrair o DNA. Com isso, avaliamos quais as semelhanças genéticas dos animais", explicou Ana Paula.

Golfinhos são monitorados pelos pesquisadores

Projeto Golfinho Rotador/Divulgação

As amostras desta temporada vão ser analisadas no Laboratório de Genética e Conservação da UFES. A última coleta tinha sido feita em 2019.

A pesquisadora enfatizou a importância do trabalho em parceria com o Projeto Golfinho Rotador. “A parceria nos proporciona um monitoramento, o golfinho tem uma vida longa, a diversidade genética deve ser estudada a médio e longo prazo, isso é essencial para entender a genética ao longo do tempo”, declarou Ana Farro.

O Projeto Golfinho Rotador monitora os cetáceos em Fernando de Noronha desde 1990 e conta com apoio do Programa Petrobras Socioambiental.

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O trabalho é coordenado pela bióloga e professora da 2004. A última oAs análises realizadas ao longo dos anos constataram existir uma linhagem exclusiva de Noronha.

Fonte: G1

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