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"A Mulher Rei": Filme estrelado por Viola Davis ressuscita memória das amazonas do Benin

Por Jr Blitz 29/09/2022 às 01:32:07
Exército de mulheres retratado no filme defendeu reino da África Ocidental, localizado no atual Benin, nos séculos 18 e 19, particularmente contra a conquista colonial francesa. A estátua de 30 metros de altura de uma amazona foi inaugurada pelo presidente Patrice Talon, no final de julho, em Cotonou

AFP - YANICK FOLLY

"A Mulher Rei" ("The Woman King", no original), um blockbuster de Hollywood orçado em US$ 100 milhões, apresenta uma unidade do exército do Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África nos séculos 18 e 19. O filme, que foi apresentado em um cinema da capital Cotonou há alguns dias, foi lançado nesta quarta-feira (28) na França, e fala da luta deste grupo de mulheres contra os colonizadores franceses. Capitaneando o elenco, a oscarizada atriz norte-americana Viola Davis.

A palavra "Agodjié" é exibida na porta do principal cinema da cidade. Este é o nome das amazonas na língua fom, a língua oficial do antigo reino do Daomé.

O público compareceu em massa para assistir as aventuras de Viola Davis, vulgo Nanisca, uma amazona encarregada de treinar uma nova geração de recrutas para lutar contra um reino rival. No auditório, aplausos podem ser ouvidos regularmente.

Com maquiagem sobre o rosto, Aurélio se diz encantado. "Alguém me perguntou o que eu esperava sentir e eu disse: raiva e todas as emoções que fizeram das amazonas o que elas são. Posso dizer que fui atendido, mesmo além das minhas expectativas", afirmou.

"Eu me senti como se estivesse mergulhando de volta em tudo o que fazia as amazonas se orgulharem, tudo o que as fez entrar para a história. E, francamente, tenho vontade de dizer: quando Hollywood e a história de Benin se encontram, é isso que acontece", comemora.

"Minha visão das mulheres"

Este exército de mulheres defendeu este reino da África Ocidental, localizado no atual Benin, nos séculos 18 e 19, particularmente contra a conquista colonial francesa.

Antes de seu lançamento, o filme atraiu algumas críticas nas redes sociais porque foi filmado fora do Benin e quase sem atores beninenses. Mas após a exibição, foi expresso um sentimento de orgulho: "Foi ótimo", se entusiasmou um espectador. Foi-nos mostrado uma mulher líder carismática que sabe como motivar os outros. Quando você vive em Benin, você conhece a história, conhece a coragem delas", disse à RFI.

"E acima de tudo, o que ela realmente retrata é esta coragem, esta determinação de defender seu rei e seu país. Uma mulher forte. Em geral, somos fortes. Esta é realmente a minha visão das mulheres", afirmou.

O filme também ajuda na promoção do Benin que quer desenvolver o turismo: as autoridades destacam esta figura histórica encarnada no filme por Viola Davis.

Um projeto de museu sobre as amazonas

Um museu épico sobre as amazonas e dos reis de Daomé está sendo planejado atualmente em Abomey. Uma enorme estátua de 30 metros de altura de uma amazona foi inaugurada pelo presidente, Patrice Talon, no final de julho em Cotonou. As autoridades beninenses querem fazer dela a identidade visual do país.

Quais são as razões para isso? Florent Couao Zotti, escritor e assessor técnico do Ministério do Turismo, Cultura e Artes do Benin, explica que "é precisamente para conferir este status amazônico à mulher de hoje que nos referimos a este passado de nosso país".

"Hoje, estamos reconstruindo toda uma narrativa em torno destas personagens para que as pessoas percebam o compromisso destas mulheres na época do Reino [de Daomé]. Tínhamos pensado em uma identidade visual para o Benin. Dissemos que tudo o que poderia nos reunir seria uma figura emblemática que resume nosso passado, mas que também projeta o futuro de personagens históricos que podemos trazer de nossa história e que podemos apresentar, e esse é obviamente o caráter das amazonas", analisa.

"Dissemos para nós mesmos que se Paris tem uma identidade com a Torre Eiffel, se Nova York tem uma identidade com a estátua da Liberdade, se Dakar tem uma identidade com o monumento [africano] renascentista, Benin também terá uma identidade por meio de sua estátua da rainha amazona", concluiu o escritor.

Fonte: G1

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