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Cantor de 66 anos é celebrado por nova geração. Ele conheceu Supla em SP e lembra ressaca com drinks cheios de açúcar feitos por Slash no Rock in Rio de 1991. Billy IdolDivulgaçãoAos 66 anos, Billy Idol chega ao Brasil em sintonia com os últimos gritos da música e da moda. Miley Cyrus, Demi Lovato, Olivia Rodrigo: todo mundo hoje quer ser um pouco como ele: aquele punk estilizado, de versos mais pop e visual calculado. Tanto que Idol está na noite "pop punk" do Rock in Rio, no dia 9, sexta-feira, junto com Green Day, Fall Out Boy, Avril Lavigne (veja a programação completa). Billy diz ao g1 que ajudou a abrir as portas para esses artistas e comemora o "revival" do estilo.O artista tem uma explicação curiosa - e séria - para o fato de o seu estilo estar em alta entre os adolescentes de novo. "Eu acho que foi porque pensamos por nós mesmos, ninguém dizia para a gente o que usar. A gente teve um pouco de influência da Vivienne Westwood [a grande responsável pela moda punk], mas em geral eram pessoas novas inventando o que usar.""Foi uma manifestação antimoda, e eu acho que isso se encaixa perfeitamente no que as pessoas buscam hoje", ele teoriza."E também acho que é porque as pessoas estão muito sem dinheiro, como naquela época. A gente não tinha nada, aí você pega de onde for. Liquidação, brechó... Alguém vai jogar fora, é só pegar a roupa, rasgar e usar. Dá uma tingida, pensa fora da caixa, porque não tem dinheiro.""É bom criar sua própria moda, não ficar só por conta de estilistas que vão te cobrar uma fortuna. Eu costumava fazer minhas próprias camisas. Eu pintava as listras, as meninas amavam", lembra Billy Idol.Conheceu Supla nesta quinta (8)Supla posa com Billy Idol em São PauloAcervo PessoalDesde o Rock in Rio de 1991 um encontro do inglês Billy Idol com Supla era esperado por fãs. Trinta e um anos depois, os dois punks de cabelos loiros espetados e punhos cerrados finalmente se juntaram no Brasil. Idol tirou foto com o roqueiro brasileiro nesta quinta-feira (8), antes de show em São Paulo."Nós conversamos sobre amigos em comum, como o Bernard Rhodes, foi o cara que descobriu o Johnny Rotten na rua com a camisa hate... Ele foi o cara que disse 'Billy, agora você vai ser cantor', e foi o cara que deu o nome Brothers of Brazil", contou ao g1 Supla, citando a banda formada por ele com o irmão João Suplicy, que também estava no encontro com Idol."Falamos que ele precisava fazer uma bossa furiosa, um punkanova", completou. "Como o Elvis Presley fez música mexicana e havaiana, eu falei que ele precisava fazer uma bossa nova. Quem sabe. Imagina Billy Idol cantando um Tom Jobim louco punk rock com o Brothers of Brazil ou com o Supla mesmo", disse ele, rindo.Antes do encontro, o g1 perguntou a Billy Idol, em entrevista por vídeo, se ele já ouviu falar de Supla, um brasileiro com o estilo parecido com o dele. "Nunca ouvi, mas agora vou ter que procurar, já que você está falando. Seria ótimo conhecê-lo", diz o cantor de "Dancing with myself" e "Eyes without a face". Após a entrevista com Billy Idol, o g1 encontrou Supla no avião a caminho do Rio, e perguntou sobre o inglês. Ele disse que a T4F, produtora do show de Idol em São Paulo, está combinando um encontro entre os dois nos bastidores, que vai acontecer na capital paulista, de acordo com Supla.A primeira tentativa de Supla encontrar Billy Idol aconteceu em 1991, quando o cantor veio pela primeira (e até esse ano única) vez ao Brasil, na segunda edição do Rock in Rio. O brasileiro conta que estava em Los Angeles, logo antes de o inglês viajar ao Brasil. Ele viu Billy Idol com um amigo, que impediu que Supla se aproximasse. Os dois acabaram brigando, e Supla diz que chutou uma moto, que ele não sabe se era do amigo ou do próprio Billy Idol. Billy Idol Divulgação/Steven SebringLibertaçãoBilly Idol lançou em 2021 o EP "The Roadside", puxado pelo single "Bitter taste", em que ele canta sobre o grave acidente de motocicleta que sofreu no início de 1990. Ele foi internado em estado grave e ficou quase um ano sem fazer shows. Ele conta que a quarentena durante a pandemia o fez lembrar dessa experiência. "Quando sofri o acidente, não sabia como seria meu futuro, se eu seria o mesmo Billy de antes. Havia muita incerteza. Assim como foi na pandemia. Eu não sabia o quanto ia durar, como ia ser."Slash açucaradoO Rock in Rio de 1991 foi um dos primeiros grandes shows em que ele já estava totalmente recuperado do acidente, sem mancar nem usar bengala. "Eu já estava me sentindo ótimo, foi muito empolgante". Ele ri das histórias do festival no Brasil até hoje. "O Prince pegou um helicóptero e as pessoas pensavam que lá em cima estava o presidente do Brasil. E depois do show do Guns N'Roses, eu saí para beber com eles e fiquei com uma super ressaca"."O Slash faz os drinks mais doces do mundo. Com vodca, tequila, não sei. A gente ficou com tanta ressaca com aquelas bebidas doces que quando chegaram meninas no hotel gritando pelo New Kids On The Block de manhã seguinte eu falei: 'Ei, parem de gritar, estou com a maior ressaca do mundo!'". Nova músicaEm 2022, Billy Idol lançou "Cage", single que estará em um EP que sai no final de setembro. A música fala sobre sair da "prisão" em que todo mundo ficou durante a fase de quarentena. Ela dá ao show uma sensação de libertação, diz o cantor. Isso significa que a volta ao Rock in Rio acontece, de novo, como um retorno em clima de euforia para o inglês: se em 1991 foi pela recuperação do acidente de moto, em 2022 vai ser por poder volta a viajar depois da crise da Covid.Billy Idol diz que o revival do pop-punk o deixou à vontade para fazer um show mais orgânico, com uma banda poderosa. "É bom ter um pé no nosso passado e outro no futuro", ele afirma. Ele chega ao festival com a segurança de ser uma referência para a atração principal da noite, o Green Day. "Eu sei que o Billie Joe gosta do Generation X (primeira banda de Idol). É legal pensar que você influenciou pessoas e também está no mesmo palco que elas", diz.A maior prova da conexão de Billy Idol com a geração atual é "Night crawling", parceria com Miley Cyrus, do álbum dela "Plastic Hearts" (2020). Nas apresentações ao vivo, eles parecem mais amigos de balada roqueira do que artistas com quase 40 anos de diferença de idade. "Eu acho que eu ensinei a ela que dá para se divertir em qualquer idade, se você estiver fazendo a música que realmente ama, pelos motivos em que acredita desde o início. E eu olho para essa energia jovem e incrível dela e tento absorver. Eu adorei a música", diz o veterano.