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Post Malone, único rapper headliner do Rock in Rio, tem algo de Chorão e já foi youtuber de 'Minecraft'

Por Jr Blitz

27/08/2022 às 04:20:25 - Atualizado há
G1 explica sucesso do rapper que tem pose despretensiosa, sorriso fácil e canta rap mais melódico, misturado a rock e pop, com letras sobre relacionamentos, fama e recalques. Quando Post Malone começar seu show no Rock in Rio, no dia 3 de setembro, muita gente vai ficar se perguntando "Como é que todo mundo sabe cantar as músicas deste rapaz?".

Ele é o único nome do hip hop entre as atrações principais do Rock in Rio 2022 e esse feito se deve a um rap mais melódico, misturado a rock e pop, com letras sobre relacionamentos, fama e recalques.

Rapper Post Malone lança álbum "Hollywood's Bleeding"

Post tem algo de Chorão, o líder do Charlie Brown Jr morto em 2013. As letras e discursos dos dois falam muito de seus complexos de inferioridade.

Eles ainda têm em comum o sorriso facílimo, as roupas três números acima, a forma de lidar com os críticos, o jeito de mauzão boa praça, a pose largada no palco bebendo cerveja quente e falando groselha.

Você sabe que eles andam de limosine, mas já andaram de trem. Mas Post faz (e Chorão fazia) questão de lembrar isso sempre que pode.

No palco de festivais como o Lollapalooza Brasil 2019 e o Rock in Rio Lisboa 2022, Post Malone parece que não está nem aí. Ele anda pelos palcos com um copo e um cigarro em uma das mãos; na outra, claro, está o microfone.

Momento acústico

Na versão portuguesa do Rock in Rio, cantou 18 músicas, intercalando os hits "Better Now" e "Circles" com as mais novas do álbum "Twelve Carat Toothache", como "Reputation" e "I Like You".

O momento mais intimista acontece quando o rapper se senta no banquinho e toca violão em "Go Flex" e "Stay". Antes, ele não perde a chance de fazer uma piada depreciativa.

"Se tiver alguém precisando fazer xixi, essa é a hora, porque é a parte mais chata do show", disse antes de começar.

Post Malone na festa do Super Bowl, em 2018, em Minneapolis

Omar Vega/Invision/AP

A reta final é matadora com "Sunflower", "Rockstar" e "Congratulations". Malone ainda quebra o violão que usou no palco, alimentando a fama de rockstar da forma mais clichê possível.

Ironicamente, a marra também vem acompanhada de discurso motivacional. "Não deixe ninguém te impedir de viver os seus sonhos ou de ser quem você é".

Discursos parecidos foram ouvidos no Lollapalooza, em São Paulo, em 2019. Na estreia por aqui, Post convidou o MC carioca Kevin O Chris, que cantou "Vamos pra Gaiola" e "Ela é do tipo". É possível, então, que ele ou outro funkeiro apareça no show de Post do Rock in Rio.

Post Malone canta durante show no Lollapalooza 2019

Fábio Tito/G1

'Eu sou gordo demais'

Um ano antes, no festival americano Coachella, Post Malone foi escalado para um palco menor do evento, em show visto pelo g1.

Cada fala recalcada foi celebrada por jovens, na maioria brancos, derrubando mais cerveja do que em qualquer outro show do concorrido festival californiano.

"Eu sou gordo demais para estar aqui fazendo essa merda para vocês", disse Post, já no meio do show.

"Estou muito bêbado", avisou depois. No final, reclamou dos críticos que já o rotularam de "one-hit wonder" e de ter escolhido o hip hop só porque ele está "na moda".

Jornalistas dos sites Pitchfork e All Music, das revistas "NME" e "Rolling Stone" e do jornal "The Guardian" detonaram: tudo em Post seria forçado além da conta.

Melhor que Beatles?

O rapper americano Post Malone se apresenta no Coachella em 2018

Mario Anzuoni/Reuters

Austin Richard Post levou todas as 18 canções de seu segundo disco, "beerbongs & bentleys", ao hot 100 da "Billboard", a principal parada dos EUA. Batendo recorde dos Beatles, nove músicas dele chegaram ao top 20 ao mesmo tempo, no mês passado.

O rapper ("não sou rapper, sou artista", sempre corrige)... O artista queria ser cantor de country aos 10 anos. Teve banda cover de metal na adolescência e foi youtuber de "Minecraft" antes de botar seu gogó a serviço do hip hop.

Com a mesma voz rouca e cansada, anunciou pedidos de frango frito na Chicken Express, uma rede de fast food texana. "Eu só trabalhei lá porque queria juntar US$ 800 para comprar uns sapatos da Versace", explicou.

Austin nasceu em Syracuse, no estado de Nova York, e passou a infância em Dallas. De lá, mudou-se para Los Angeles, onde viveu em uma casa de youtubers.

Mas de onde vem o nome Post Malone? A alcunha surgiu a partir de um gerador de nomes de rappers. Após criar seu apelido, juntou-se a produtores de Los Angeles e gravou "White Iverson", lançada em 4 de fevereiro de 2015.

Post chamou atenção por dizer que era "a versão branca" de Allen Iverson, craque da NBA. Ganhou elogio de Wiz Khalifa e viralizou no SoundCloud. Foi com essa auto-homenagem que conseguiu dividir palcos e músicas com Justin Bieber (“Déjà Vu”) e Pharrel Williams ("Up There").

Um rapper fã de rock

Joe Perry, Steven Tyler e Post Malone juntos no palco do VMA 2018

REUTERS/Lucas Jackson

Desde os tempos em que gastava seus dedos com "Guitar Hero 2", Post manteve uma relação com o rock. O álbum "Hollywood's Bleeding", de 2019, tem um som indie rock eletrônico levemente pesado, participação de Ozzy Osbourne e alguns arranjos que remetem aos Strokes.

Há ainda uma pose de roqueiro que não se importa com aparências. "No Halloween, os fãs se vestem como eu. É fácil: é só se vestir como um mendigo".

Bon Scott, do AC/DC, e Jim Morrison, do The Doors, são citados em "Rockstar". Tommy Lee, do Mötley Crüe, é um dos compositores de “Over Now”.

Há também as covers roqueiras já tocadas por ele. O site TMZ divulgou vídeos de Post cantando Elvis, caindo de bêbado, em Nashville. Depois, foi visto tocando violão e berrando "Don't look back in anger", em clima de "Volta Oasis". Em 2020, fez uma live tocando apenas Nirvana.

Hoje, em vez de "Guitar Hero", prefere "Call of Duty". Afinal, ele tem uma grande coleção de armas: guarda uma debaixo (!) de cada (!!) travesseiro de sua cama. São vários. Tem até uma "super fácil de usar", para a namorada Ashlen, com quem mora desde antes da fama.

Quando a revista "Rolling Stone" visitou a casa dele, também encontrou pouco glamour: os quartos estavam cheios de latas de cervejas amassadas.
Fonte: G1
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