Tiro na 'cabecinha', quadro feito de projéteis, briga com Jair Bolsonaro e 'vácuo' de Gabigol estão entre os feitos que marcam a gestão do governador alvo de impeachment, julgado nesta sexta. VÍDEO: declarações e imagens polêmicas de Wilson Witzel
"Abater" criminosos e asfaltar favelas para facilitar a ação policial, frequentemente realizada com o blindado apelidado de "caveirão". Essas duas propostas estavam entre as mais repetidas do programa de governo de Wilson Witzel (PSC), eleito apoiado no discurso do combate ao tráfico de drogas e à corrupção.
Dois anos e quatro meses depois, prestes a deixar o cargo definitivamente num processo de impeachment que será votado nesta sexta-feira (30), Witzel é acusado de corrupção, prática que prometeu combater.
Na reta final do processo de impeachment, o governador afastado tem dado novas interpretações ao tom policialesco que adotou ainda na campanha, quando emulava o discurso do então aliado Jair Bolsonaro (sem partido) — hoje desafeto. Veja abaixo.
Há exatamente dois anos, Wilson Witzel em evento após apreensão de armas no Conjunto de Favelas do Alemão no dia 30 de abril
Nelson Perez/Governo do Estado/Divulgação
1. 'Mirar na cabecinha... e fogo'
Witzel em cerimônia da Polícia Civil em 2019
Carlos Magno/Governo do Estado/Divulgação
"A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e... fogo!"
A declaração foi dada em novembro de 2018 ao "Estadão", antes mesmo de assumir. Ele se referia aos criminosos que portassem fuzil. No dia seguinte, Witzel confirmou ao G1 o teor da entrevista.
Uma ação contra a política de segurança pública de Witzel cita a frase e foi protocolada no Superior Tribunal Federal (STF). Na resposta, Witzel não nega a declaração e diz que seus autores queriam censurá-lo.
"Postula calar o Chefe do Poder Executivo, impedindo-o de realizar discursos políticos".
No mês passado, Witzel disse ao UOL que jamais deu a declaração: "Essa expressão nunca foi dita por mim".
2. Faixa de governador
Witzel com a faixa de governador
Divulgação/Governo do Estado
Witzel, que sonhava ser presidente da República, criou uma novidade assim que foi eleito. Imitou a faixa presidencial — só que com as cores da bandeira do governo do estado.
3. Flexão no Bope e quadro com projéteis
Governador faz flexão durante troca de comando no Bope
Calos Magno/Governo do Rio de Janeiro
Em apenas duas semanas no cargo, em 14 de janeiro, Witzel participou da troca de comando do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Ele recebeu um quadro com o seu rosto feito de projéteis, bateu continência e berrou o lema do batalhão: "Caveira!". Também posou fazendo flexões ao lado de policiais e políticos dentro da unidade.
Wilson Witzel recebe de presente um quadro com seu rosto feito de projéteis
Carlos Magno/Governo do Rio de Janeiro
4. Na Sapucaí, colete de governador
Em 1º de março de 2019, em um camarote na Sapucaí, Wilson Witzel usava um colete que o identificava como governador, ao lado da primeira-dama, Helena Witzel.
Carlos Magno/Divulgação/Governo do Estado
5. Voo em operação
Witzel a bordo de helicóptero da Polícia Civil
Reprodução
A bordo de um helicóptero da Polícia Civil, Witzel sobrevoou Angra dos Reis em uma operação que, segundo moradores, efetuou disparos e atingiu uma tenda de orações de um grupo evangélico.
"Vamos botar fim da bandidagem de Angra dos Reis"
Na ocasião, ele disse que "participar ativamente junto com a polícia" era parte do trabalho dele.
6. 'Querendo ser presidente'
Witzel disse que queria ser presidente em entrevista à Andréia Sadi
Reprodução
"Eu sou governador do estado querendo ser presidente da República"
A declaração de Witzel no em 12 de setembro de 2019 ao programa "Em Foco com Andréia Sadi" estremeceu a relação com Bolsonaro (à época no PSL), que se sentiu traído.
A base do PSL desembarcou do governo Witzel na Alerj e o governador passou a ser tratado como inimigo pelo presidente da República.
7. 'Climão' e indireta
Após Witzel declarar que sonhava ser presidente da República, encontro com Bolsonaro teve 'climão' e indireta
Philippe Lima/Governo do Estado/Divulgação
Um "climão" marcou o primeiro encontro público entre o governador e o presidente, após Witzel admitir que sonhava com o Planalto. Bolsonaro se recusava encará-lo e só o fez uma vez, quando mandou uma indireta.
"Temos inimigos dentro e fora do Brasil. Os de dentro são os mais terríveis", afirmou o presidente.
8. Comemoração após morte em sequestro
Witzel comemora ação que pôs fim a sequestro na Ponte Rio-Niterói
Reprodução/TV Globo
Um sequestro na Ponte Rio-Niterói, em agosto de 2019, acabou com a morte do criminoso. Witzel desembarcou de um helicóptero na cena do crime, comemorando. Depois, ele pediu desculpas. Toda a cena foi filmada pelo então secretário Cleiton Rodrigues.
Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, chega à ponte Rio-Niterói após sequestrador de ônibus ser morto por atirador de elite nesta terça-feira (20)
Reprodução/TV Globo
9. Gabigol dribla Witzel
Após título do Flamengo, Witzel se ajoelha diante de Gabigol, que caminha para o lado
Em Lima, onde o Flamengo se sagrou campeão da Libertadores, Witzel se ajoelhou aos pés de Gabigol — o herói do título. O artilheiro passou direto, sem cumprimentar o governador e a imagem viralizou. No dia seguinte, Witzel postou uma foto ao lado do atacante.
10. Geosmina: 'Não sou químico'
Governador Wilson Witzel em visita à estação do Guandu
Philippe Lima
O verão de 2020 foi marcado pela geosmina, substância que deixou a água com cor, cheiro e gosto estranhos. Em visita técnica à estação de tratamento do Guandu, Witzel experimentou a água. Dias depois, questionado a respeito de um prazo para a normalização do abastecimento, ele respondeu:
"Não sou químico".
12. Áudio vazado com Mourão
Witzel liga para Mourão no viva-voz e grava a conversa
Reprodução/TV Globo
Durante o alagamento de cidades no Norte Fluminense, Witzel ligou para o vice-presidente Hamilton Mourão. A conversa telefônica foi filmada por um assessor e divulgada por Witzel em uma rede social, provocando críticas de Mourão e de Bolsonaro.
"Ele diz que foi fuzileiro naval. Eu acredito que ele esqueceu a ética e a moral, que caracterizam as Forças Armadas, quando saiu do Corpo de Fuzileiros Navais", criticou Mourão.
13. Hospitais de campanha
Wilson Witzel e Edmar Santos em hospital de referência contra Covid-19
Eliane de Carvalho/Governo do Estado/Divulgação
Em meio à pandemia de Covid-19, o estado prometeu entregar nove hospitais de campanha. Somente um foi entregue no prazo e outros quatro jamais foram concluídos.
Edmar Santos, então secretário estadual de Saúde, admitiu ter participado de um esquema criminoso na pasta. Witzel responde a um processo de impeachment por conta de acusações de corrupção durante a pandemia.
14. Sem máscara
Aglomerado e sem máscara, Witzel descumpre lei que ele mesmo sancionou
Reprodução
Já afastado do governo, Witzel participou de uma oração em uma igreja evangélica. Ele ignorou a lei que ele mesmo sancionou e que tornava obrigatório o uso de máscara.
Em meio a uma aglomeração, disse que queria substituir a frase célebre do início do governo.
"Eu falei: 'Troca um fuzil por uma Bíblia senão nós vamos te matar'. Essa frase viralizou, eu quero mudar essa frase hoje: 'Troque seu fuzil por uma Bíblia porque nós vamos te salvar'".
15. 'Não adianta, ele não cai'
Witzel de Skate
Reprodução/Instagram
Além do processo de impeachment, Witzel responde a uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde é réu. Dias após os ministros aceitarem a denúncia por corrupção, ele se disse inocente.
E postou uma foto andando de skate. “Não adianta, ele não cai”
Fonte: G1