Assalto a uma joalheria que rendeu momentos de pânico no BH Shopping e um grande prejuízo à loja completa um mês hoje. O crime, ocorrido em 7 de maio, véspera do Dia das Mães, gerou grande repercussão e levanta dúvidas sobre a segurança no comércio perto de datas de grande movimento, como o Dia dos Namorados, 12 de junho, que se avizinha. Até o momento, os nove suspeitos de participação no assalto à joalheria continuam foragidos. A Polícia Civil informa que segue trabalhando na tentativa de identificá-los, mas que não divulga detalhes sobre o andamento do processo para não atrapalhar a investigação. Entre lojistas que atuam nos shoppings de BH há uma percepção de que, de lá pra cá, a vigilância foi reforçada. Para especialista ouvido pelo Estado de Minas, o alerta de segurança gerado pelo roubo e a quebra do elemento surpresa tornam mais remota a possibilidade uma investida semelhante no momento.
Advogado criminalista e pesquisador em segurança pública, Jorge Tassi avalia que o ritmo da investigação do assalto ao BH Shopping está dentro do esperado. Segundo ele, após crimes de grandes proporções e comoção pública, os suspeitos ficam isolados por um certo período e não era esperado que eles fossem encontrados já no primeiro mês de trabalho dos investigadores.Embora o grande movimento para compras no Dia das Mães tenha sido apontado como fator estratégico no planejamento do crime, ele considera improvável que outro assalto aconteça nos shoppings da capital mineira em função do Dia dos Namorados. “Tem uma questão muito importante para esse tipo de crime, que é o elemento surpresa. A gente pode até pensar em outro shopping, mas agora existe toda uma atenção para esse momento, e isso atrapalha o sucesso de uma ação criminosa”, avalia.
Entre os lojistas dos shoppings de BH, há uma percepção de que a segurança foi reforçada desde o assalto em maio. Segundo o superintendente da Associação dos Lojistas de Shoppings Centers de Minas Gerais (Aloshopping), Alexandre Dolabella, os shoppings “estão se reforçando, mais atentos a essa situação, especialmente no grupo Multiplan, mas nada excepcional. Os lojistas entendem que aquele assalto foi um ponto fora da curva, que a segurança é boa”, aponta, se referindo à empresa que administra o Diamond Mall, Pátio Savassi e o BH Shopping, todos na Região Centro-Sul da capital.Pouco menos de duas semanas após o crime no BH Shopping, uma joalheria no Itaú Power Shopping, em Contagem, também foi assaltada. No entanto, os crimes tiveram proporções diferentes. Na ocorrência do Itáu, apenas um homem levou os bens da loja. “Quando determinado crime gera uma comoção, outros (criminosos) acabam replicando a ação. Nesse caso, embora os dois tenham sido assaltos, um foi muito e o outro pouco estruturado”, compara.
Além dissso, muitos fatores são levados em conta no planejamento de um crime de grande porte, acrescenta. “Existe um mercado de receptação que já estava contando com os bens roubados, é um crime por encomenda. Assaltantes não se mobilizam para um crime assim sem a certeza de que vão vender. É um mercado muito específico, são relógios muito caros, e a ação envolve contatos para conseguir os carros para a fuga e as armas, que muitas vezes são alugadas”, analisa. No assalto ao BH Shopping, os bandidos levaram joias e 13 relógios da marca Rolex. De acordo com a Polícia Civil, havia itens avaliados em mais de R$ 100 mil.
DILEMA
O especialista acredita que os shoppings reforçaram a segurança após o assalto à joalheria e que a atenção foi ampliada para todas as datas. No entanto, os estabelecimentos tomam um cuidado especial para que essas medidas de segurança não sejam ostensivas a ponto de afetar o bem-estar dos clientes. ¨”Excesso de segurança passa ao usuário sensação de insegurança. Aquela sensação de que há algo errado acontecendo que você sente quando vê muitas viaturas da polícia na rua, por exemplo”, diz.
Otimismo
no comércio
Os comerciantes estão confiantes no poder de alavancagem das vendas do Dia dos Namorados. Na capital mineira, pesquisa divulgada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) aponta que os casais devem gastar, em média, R$ 200 com presentes. O valor é 42% mais alto do que a média do ano passado. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) também divulgou pesquisa com as expectativas do setor para a data. Segundo o levantamento da entidade, o valor médio gasto deve ser superior a R$ 214, aumento de 5,4% em comparação com 2021. De acordo com a pesquisa, 75% dos empreendedores esperam que o fluxo de visitantes seja igual ou maior ao de igual data de 2019, ano anterior à chegada da pandemia de COVID-19. Homens demonstram mais interesse pela compra de presentes nos segmentos de perfumaria e cosméticos (95%), joalheria (80%) e vestuário (79%). Já o público feminino deve buscar itens de vestuário (95%), artigos esportivos (68%) e calçados (68%).