O cinema brasileiro perdeu, neste sábado (14), um dos seus grandes nomes. Diretor de "Dois Filhos de Francisco", Breno Silveira teve uma morte súbita quando filmava cenas de um longa inédito, no interior de Pernambuco. Cineasta Breno Silveira morre aos 58 anos

O cinema brasileiro perdeu, neste sábado (14), um dos seus grandes nomes. Breno Silveira, diretor de sucessos como “Dois Filhos de Francisco” e “Gonzaga: de Pai Para Filho”, teve uma morte súbita enquanto filmava, no interior de Pernambuco.

Breno Silveira comparava seus filmes a uma janela de onde era possível observar o Brasil. Contava histórias, buscando sempre a emoção e a verdade dos personagens.

“Eu acho que, às vezes, uma história delicada, ela pode atingir muito mais do que uma história violenta. Acho que meu filme é feito através da emoção”, disse Breno em uma entrevista.

Nascido em Brasília, Breno se formou em cinematografia pela École Louis-Lumière, em Paris. Foram quase 40 anos de cinema.

Começou como assistente de fotografia em “Bete Balanço”, de 1984. Onze anos depois, se destacou como diretor de fotografia no longa “Carlota Joaquina”.

No ano 2000, conquistou o Grande Prêmio Cinema Brasil de Fotografia com o filme “Eu Tu Eles”.

“Quando cheguei lá, aquela paisagem que não tinha verde me deixou muito feliz. Eu vi uma coisa diferente. O vermelho que vinha do chão, quase tudo tinha poeira... Eu acho muito bonito retratar a paisagem do Brasil em um filme”, afirmou o cineasta.

Seu primeiro filme como diretor foi um sucesso de público e crítica.

"Dois Filhos de Francisco”, a história de Zezé Di Camargo e Luciano, teve, à época, a maior bilheteria do cinema nacional. E foi o representante brasileiro ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Outro sucesso de público foi "Gonzaga: de Pai Para Filho", vencedor em três categorias do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, incluindo Melhor Filme.

“Esse drama, do filho querendo conhecer o pai, e do pai que negou o filho, eu achei que tinha mais do que uma biografia, tinha realmente uma coisa que, para mim, dá cinema. Cinema é feito de conflito”, declarou Breno.

Breno Silveira dirigiu séries, como “1 Contra Todos”, da Fox.

Seu último longa-metragem, ''Entre Irmãs'', foi lançado em 2017. Breno conta a vida de duas irmãs que se separam após um trágico acidente.

Breno Silveira estava neste sábado (14) em Pernambuco para as gravações de "Dona Vitória".

Amigos disseram que o cineasta se sentia feliz com o novo trabalho. O filme é sobre uma aposentada, que da janela de seu apartamento, em Copacabana, gravou os crimes cometidos por uma quadrilha de traficantes.

Seria o primeiro dia de gravações de “Dona Vitória”, um original Globoplay, no Engenho Jundiá, a seis quilômetros de Vicência, na Zona da Mata de Pernambuco.

O cenário remete ao Brasil dos anos de 1930, onde a protagonista, interpretada por Fernanda Montenegro, teria passado a infância. Breno dirigia uma cena quando passou mal.

Ele foi levado para uma unidade de saúde na cidade de Vicência. A equipe médica informou que ele teve uma morte súbita – provocada provavelmente por infarto fulminante.

"Infelizmente, o paciente já chegou sem vida. Nós adotamos os protocolos nestes casos, avaliamos a possibilidade de reanimação, mas não tivemos sucesso em trazer o paciente de volta”, explicou o médico Ednaldo Vieira.

Breno Silveira tinha 58 anos. Deixa mulher e duas filhas.

O cineasta dizia que sempre quis ser músico. Mas como não foi possível realizar o sonho, usava a emoção da música para contar histórias.

“Eu acho que tem que pensar o que a gente quer contar no cinema, porque senão, o cinema vira uma mera busca de público. Ou só comédia, ou coisas que deram certo aqui, que tentam replicar. Esse não é o cinema que eu gosto”, disse Breno.

Fonte: G1