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'Foi desespero porque não me pagaram, estava com as coisas faltando em casa', diz homem filmado quebrando forro de gesso em hospital

Por Jr Blitz 16/04/2021 às 21:31:15
Gesseiro Ítalo Agnaldo, de 23 anos, prestou depoimento, nesta sexta-feira (16), na Delegacia de Paudalho. Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o crime de dano ao patrimônio público. Homem que quebrou gesso de setor do Hospital de Paudalho prestou depoimento hoje

Após ser filmado quebrando forros de gesso do teto do Hospital Municipal de Paudalho, na Zona da Mata de Pernambuco, o gesseiro Ítalo Agnaldo, de 23 anos, prestou depoimento, nesta sexta-feira (16), na delegacia do município. A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar o crime de dano ao patrimônio público (veja vídeo acima).

Antes de depor, Ítalo contou à TV Globo que estava precisando muito do salário pelo serviço realizado na obra do hospital, que passa por uma reforma para adequação de novos leitos de tratamento de pacientes infectados pela Covid-19. Ele também disse que danificou a estrutura da unidade de saúde em um momento de desespero.

"Foi desespero porque não me pagaram. Estava com as coisas faltando em casa. Eu tenho um filho. Peguei o pouco que eu tinha e investi em uma coisa que não ia ter retorno", declarou.

Ítalo afirmou que, na metade da obra, faltou o gesso da empresa Guedes Engenharia, que estava prestando serviço para a prefeitura de Paudalho, e que completou com o seu próprio dinheiro após combinar isso com um engenheiro da empresa. Mas, na data combinada, não recebeu o pagamento.

Ítalo contou que danificou a estrutura da unidade de saúde em um momento de desespero

Reprodução/TV Globo

"Liguei e ele disse que não queria saber se o pagamento estava atrasado um dia, uma semana ou um mês. Eu disse que ia fazer do meu jeito e ele disse que eu podia quebrar, já que foi com o meu dinheiro", relatou.

Segundo o gesseiro, a Guedes Engenharia devia a ele R$ 567. "Pode parecer pouco, mas, para mim, é muito. Com esse pouco, eu conseguia pagar a minha energia, comprar a minha feira, comprar o leite e a fralda do meu filho", falou.

Depois de prestar depoimento na Delegacia de Paudalho, Ítalo pediu proteção para deixar o local, já que está com medo de sofrer algum tipo de represália. "Agora estou escondido, com medo. E acusado de depredação de patrimônio público", disse.

Sem salário, homem quebra gesso de teto do Hospital Municipal de Paudalho

Nas imagens divulgadas na terça-feira (13), o gesseiro aparece danificando a estrutura do hospital (veja vídeo acima). Em determinado momento da gravação, ele fez um desabafo: "A gente é pai de família, não é ladrão".

O advogado Ernesto Cavalcanti, responsável pela defesa de Ítalo Souza, disse que os empregados da obra não tinham direitos trabalhistas e não receberam equipamentos de proteção individual (EPIs).

Segundo a prefeitura de Paudalho, Ítalo trabalha para uma empresa terceirizada responsável pela obra e não faz parte do quadro de funcionários do município. Em nota, a gestão municipal disse ter feito, em 8 de abril, o pagamento no valor de R$ 19.206,39 para a empresa, quitando todas as pendências existentes.

Resposta

A empresa Guedes Engenharia afirmou, por meio de nota, que não houve empréstimo para a compra de gesso, mas que foi combinado que o serviço no teto seria feito com o material dele.

Sobre a falta de direitos trabalhistas e EPIs, a empresa se limitou a afirmar que, "durante os dias em que o contratado prestou serviço a empresa, todos suportes foram dados, e não houve nenhuma ameaça física ou moral".

A empresa disse, também, que "o atraso entre a empresa e o contratado para execução dos serviços foi do dia 9 de abril a 13 de abril" e que o problema foi sanado na terça-feira (13), "mesmo depois do incidente".

"Em relação aos danos causados, já foram totalmente refeitos sem nenhum problema adicional ao município", disse a empresa, no texto.

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Fonte: G1

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