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Moïse Kabagambe: manifestantes fazem ato em Belém pedindo justiça após assassinato de congolês no Rio

Por Jr Blitz 06/02/2022 às 16:57:36
Jovem de 24 anos veio para o Brasil como refugiado em 2011, e foi espancado até a morte com mais de 30 pauladas. Participantes do protesto se concentraram em frente ao Palácio do Itamaraty. Manifestantes fizeram um ato neste domingo, em Belém (6), pedindo justiça para os responsáveis pelo assassinato do congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, morto a pauladas no quiosque Tropicália, na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O ato reuniu diversos membros de grupos como a Associação de Estudante Estrangeiros (AEE) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Centro de Estudo e Defesa do Negro no Pará (Cedenpa). A manifestação se soma a outras realizadas pelo Brasil, como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, que exigem a prisão dos envolvidos no crime e o combate ao racismo e à xenofobia.

Moïse e sua família vieram para o Brasil em 2014, fugindo da guerra e da fome do Congo, seu país de origem. Segundo as investigações, Moïse foi atacado quando se dirigiu ao quiosque para cobrar o pagamento por serviços prestados. “Corda, amarram ele junto com as pernas e mãos. A polícia veio depois de 20 ou 40 minutos”, disse o irmão da vítima, Djodjo Baraka Kabagambe.

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Em nota pública, a Casa Brasil África, da UFPA, se pronunciou sobre o assassinato. “Trouxeram-nos da África à força. Os patrões pediam mais e mais pessoas para explorar, espancar, humilhar, matar de exaustão. Os tempos passam, a escravidão acabou, mas não a mentalidade escravista.

Milhões de pessoas, de todos os continentes, migram com objetivos semelhantes, mas os africanos recebem em ocasiões, nos países que enriqueceram com o tráfico escravagista, um tratamento diferenciado cruel, xenófobo. É a xenofobia racista.

Moïse Kabagambe foi a vítima mais recente no Brasil, onde pessoas do povo atuam como na época colonial: pensam eu o africano não deve receber salário, não pode reclamar nem exigir direitos, precisa ser castigado cruelmente. Batem nele sem compaixão, como se fazia com os escravizados rebeldes”.

Morto com mais de 30 pauladas

O congolês foi vítima de uma sequência de agressões, segundo a família, após ter cobrado dois dias de pagamento atrasado no quiosque. O corpo dele achado amarrado em uma escada.

Para a polícia, entretanto, a confusão e, em seguida, o espancamento não aconteceram por conta da suposta dívida. A motivação do crime ainda é investigada por policiais da Delegacia de Homicídios da Capital.

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Atualmente, três agressores flagrados pelas imagens de uma câmera de segurança do quiosque estão presos pelo crime. A polícia, a princípio, os indiciou por homicídio duplamente qualificado.

Uma testemunha que viu o espancamento de Moïse contou que os agressores disseram para ela não olhar porque o homem que estava apanhando com um porrete de madeira era um assaltante.

Ela disse ainda que os autores mentiram para os socorristas, afirmando que o corpo já estava no local do crime.

Vídeo mostra momento em que homens se juntam para agredir congolês na Barra

A seguir, veja o que se sabe sobre o caso:

O que Moïse fazia no Rio?

Qual seria a motivação do crime?

Há imagens de câmeras de segurança? O que elas mostram?

O que aconteceu depois?

O que disse a mãe do congolês?

O que dizem testemunhas?

Qual foi a causa da morte de Moïse?

O dono do quiosque onde Moïse trabalhava e foi morto foi ouvido?

O que fez a polícia até agora?

Quem são os presos?

1. O que Moïse fazia no Rio?

Moïse veio para o Brasil em 2014 com a mãe e os irmãos, como refugiado político, para fugir da guerra e da fome. Ele trabalhava por diárias em um quiosque perto do Posto 8, na Barra da Tijuca.

2. Qual seria a motivação do crime?

A família diz que o responsável pelo quiosque estava devendo dois dias de pagamento para Moïse e que, quando o congolês foi cobrar, foi espancado até a morte. Imagens de câmeras de segurança mostra uma briga entre o congolês e outros homens que estavam no quiosque.

Em um vídeo, um dos envolvidos, Aleson de Oliveira, diz que Moïse e um senhor, que segundo ele seria do quiosque ao lado, estavam brigando, quando ele e os amigos foram defendê-lo.

"Ele teve um problema com um senhor do quiosque do lado, a gente foi defender o senhor e infelizmente aconteceu a fatalidade dele perder a vida", disse.

3. Há imagens de câmeras de segurança? O que elas mostram?

Sim, há imagens do quiosque Tropicália, onde Moïse trabalhava, e de um condomínio na Avenida Lúcio Costa, por onde dois agressores teriam fugido. Ambas estão sendo analisadas.

As imagens do quiosque mostram que as agressões começaram depois de uma discussão entre um homem que segura um pedaço de pau e o congolês, que mexe em objetos do quiosque como uma cadeira, um refrigerador e um cabo de vassoura.

Depois que Moïse solta os objetos, se aproximam mais dois homens. Na sequência começa a sessão de agressões. Em vários momentos é possível ver que o congolês não oferecia resistência enquanto levava golpes com um pedaço de madeira.

4. O que aconteceu depois?

Segundo o primo da vítima, os agressores foram embora e o gerente continuou trabalhando normalmente.

5. O que disse a mãe do congolês?

Ivana Lay está inconformada com o crime e disse que a violência foi motivada por racismo. Ela disse esperar por justiça.

6. O que dizem testemunhas?

Testemunhas disseram que Moïse apanhou de 5 homens e confirmaram que os agressores usaram pedaços de madeira e um taco de beisebol.

7. Qual foi a causa da morte de Moïse?

Laudo do Instituto Médico Legal (IML) indica que a causa da morte foi traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, causada por ação contundente.

O documento diz ainda que os pulmões de Moïse tinham áreas hemorrágicas de contusão e também vestígios de broncoaspiração de sangue.

8. O dono do quiosque onde Moïse trabalhava e foi morto foi ouvido?

Sim, ele foi ouvido na tarde de terça-feira (1º) na Divisão de Homicídios do Rio. A defesa do dono do quiosque afirma que ele não conhece o homem que afirmou ter agredido o congolês e nem os outros que aparecem no vídeo de segurança do estabelecimento agredindo Moïse.

O dono do quiosque também negou que havia dívidas do quiosque com Moïse. Segundo sua defesa, ele estava em casa quando o congolês foi espancado e apenas um funcionário do estabelecimento estava no local no momento das agressões.

9. O que fez a polícia até agora?

A Delegacia de Homicídios da Capital, que investiga o caso, analisou as imagens das câmeras de segurança para tentar esclarecer o crime. Pelo menos 12 pessoas já foram ouvidas e três homens foram presos pelas agressões e morte de Moïse (veja abaixo quem são).

A polícia também apreendeu uma arma usada no crime: uma barra de madeira, que tinha sido descartada em um mato perto do local do crime, segundo a polícia.

10. Quem são os presos?

Três homens foram presos pela morte de Moïse na terça-feira (1º). Eles deverão responder por homicídio duplamente qualificado — com impossibilidade de defesa e uso de meio cruel. O processo corre em sigilo.

Nesta quarta-feira (2), a juíza Isabel Teresa Pinto Coelho Diniz decretou a prisão temporária do trio, a pedido do Ministério Público.

"A prisão temporária é espécie de medida cautelar que visa assegurar a eficácia das investigações para, posteriormente, possibilitar o fornecimento de justa causa para a instauração de um processo penal. Não se trata de prisão preventiva, obedecendo a hipóteses diversas, sendo uma espécie de prisão cautelar ainda mais restrita”, diz um trecho da decisão da magistrada.

Os presos são:

Fábio Pirineus da Silva, o Belo, que segundo a polícia, confessou que deu pauladas no congolês. Ele estava escondido na casa de parentes em Paciência, na Zona Oeste;

Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, que admitiu ter participado das agressões, mas disse que "ninguém queria tirar a vida dele". Ele se apresentou à polícia na 34ª DP e depois foi levado para a DH;

Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota, que segundo a polícia aparece no registro das agressões imobilizando Moïse no chão.

Moïse Kabagambe, morto após cobrar diárias atrasadas em um quiosque na Barra da Tijuca

Reprodução/ TV Globo

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Fonte: G1

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