Por conta da alta dos casos de Covid e gripe, o carnaval de rua de SP foi cancelado pelo segundo ano seguido. Entidades que representam blocos pediram à secretária Aline Torres ajuda para que possam continuar atividades sem recursos de desfiles e patrocínios. Apresentação de bloco de rua no carnaval da cidade de São Paulo em 2019.
Secom/PMSP
A secretária municipal da Cultura da cidade de São Paulo, Aline Torres (MDB), afirmou nesta quinta-feira (6) que a prefeitura pretende criar um programa de fomento aos blocos de rua ao longo de 2022, após o cancelamento do carnaval na capital pelo segundo ano consecutivo.
A ideia do programa, segundo a secretária, é ajudar blocos de rua que precisam de recursos para se manter durante mais um ano sem as verbas que eram arrecadadas com apresentações no carnaval e patrocínios.
Segundo Aline Torres, o projeto ainda está em fase embrionária e será discutido com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e com os representantes de blocos das várias regiões da cidade.
“A Secretaria da Cultura já tinha uma programação de incluir os blocos dentro do contexto da economia criativa do carnaval nos meses de janeiro, fevereiro e março, fazendo oficinas em equipamentos públicos e atividades ligadas à pasta. Com o cancelamento do carnaval neste ano, nós vamos rever esse plano e tentar ampliar esse programa ao longo do calendário cultural da cidade durante todo o ano”, disse a secretária.
“A ideia é incluir [os blocos] nos recursos orçamentários com diversas atividades ligadas à secretaria. Nós vamos estudar com o prefeito uma maneira sobre como viabilizar esse fomento”, completou.
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A secretária municipal de Cultura de São Paulo, Aline Torres (MDB).
Secom/PMSP
Pedido dos blocos
A ajuda aos blocos foi um pedido feito pelo Fórum dos Blocos de Rua de SP em manifesto publicado na última quarta-feira (5), em que cerca de 250 blocos anunciaram que não participariam do carnaval deste ano mesmo se a prefeitura decidisse manter o evento de alguma forma na cidade.
A carta pública foi assinada por três coletivos e, no documento, foram pedidos “programas de fomento que alcancem especificamente todos os Blocos inscritos, dentro de uma proporcionalidade referente às suas necessidades”.
A secretária informou que teve ciência da carta e disse que vai chamar as três entidades para uma conversa sobre o possível fomento e as formas de viabilizá-lo.
“Eu vou receber os integrantes das três entidades para entender como viabilizar um fomento ou não. Vou conversar com eles e com o prefeito para formatarmos juntos um projeto”, declarou.
“A gente teve mais de 600 blocos inscritos [para os desfiles cancelados de 20220]. Nesse período de outubro e novembro, já tínhamos feito conversar com blocos em diferentes regiões da cidade e subprefeituras. Foram três encontros e conversamos com três integrantes de blocos, separados por região, justamente para entender e receber as demandas antes do cancelamento do carnaval. Como a gente já começou essa escuta, chamados de "escutas do carnaval", já temos um termômetro do que pode ser feito ou não”, declarou Torres.
Cultura com R$ 643 milhões em 2022
A pasta da Cultura tem disponíveis em 2022 cerca de R$ 643 milhões no orçamento sancionado pelo prefeito Ricardo Nunes em 28 de dezembro para o atual exercício.
É o maior orçamento da pasta dos últimos anos e representa um aumento de 24% em relação aos R$ 518 milhões de 2021. O acréscimo de recursos em relação ao ano passado é de mais de R$ 125 milhões.
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Cancelamento do carnaval de rua
Apesar do cancelamento do carnaval de rua na capital, devido ao avanço da variante ômicron do coronavírus, Nunes manteve os desfiles das escolas de samba de SP no Sambódromo do Anhembi, que devem acontecer nos dias 25, 26, 27 e 28 de fevereiro, se a Liga aceitar os protocolos sanitários que serão determinados.
"Por conta da situação epidemiológica, está cancelado o Carnaval de Rua de SP. Nós vamos sentar com a Liga das Escolas de Samba para combinar um protocolo para a realização dos desfiles no sambódromo. Caso eles aceitem os protocolos, os desfiles serão mantidos", disse o prefeito Ricardo Nunes.
Prefeitura de SP cancela carnaval de rua em SP
Rodrigo Rodrigues/g1
Segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, os protocolos ainda não foram definidos, mas serão norteados com as exigências da vigilância sanitária da cidade, em parceria com a Liga-SP.
"Nós vamos sentar com a Liga das Escolas de Samba para estabelecer esses protocolos de acordo com as exigências da Vigilância Sanitária. Nossa preocupação não é apenas com os desfiles, mas também com as aglomerações nos ensaios", afirmou Aparecido.
A decisão do prefeito foi tomada após uma reunião com representantes da Vigilância Sanitária e da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que apresentaram um estudo sobre o comportamento da Covid-19 na cidade nos últimos meses. A partir do estudo, Nunes decidiu cancelar os festejos de rua na cidade.
A solução é similar à anunciada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, que manteve os desfiles na Marquês de Sapucaí, mas cancelou a saída dos blocos de rua na capital fluminense.
Prefeitura cancela Carnaval de rua de São Paulo
Reunião com as escolas de samba
Segundo Nunes, a reunião com as escolas de samba deve ocorrer na próxima semana, já com a definição dos protocolos sanitários para a realização dos desfiles.
Por meio de nota, a Liga-SP afirmou que tem “completa disposição em acatar toda e qualquer recomendação das autoridades de saúde para um Carnaval SP 2022 seguro”.
“Para que os Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo aconteçam de forma grandiosa, como tem sido nos últimos anos, nosso principal recurso é humano. A prioridade da Liga-SP sempre foi e continuará sendo preservar vidas e garantir um ambiente seguro para os profissionais do Carnaval e para os sambistas, seja na pista de desfile ou nas arquibancadas do Anhembi”, disse a entidade.
Integrantes da escola de samba Unidos do Peruche participam de ensaio técnico para o desfile da agremiação no Carnaval 2020, no Sambódromo do Anhembi, na região norte de São Paulo, na noite deste sábado.
BRUNO ESCOLASTICO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Recomendações da Vigilância Sanitária de SP
Intensificação da vacinação e doses de reforço contra a Covid-19;
Manter o uso obrigatório de máscaras na comunidade, bem como demais medidas não farmacológicas;
Higienizar as mãos;
Etiqueta respiratória;
Que seja evitada qualquer tipo de aglomeração onde não se possa ter controle sanitário seguro;
Cancelamento de todas as atividades relacionadas ao carnaval de rua 2022 na capital, bem como atividades que não tenham controle sanitário.
Aparecido também afirmou nesta quinta (6) que, por causa da alta dos casos de gripe e Covid-19, o passaporte da vacina será exigido na cidade de SP em todos os eventos, independentemente do número de participantes (veja mais detalhes aqui).
Painel com recomendações do comitê de saúde da cidade de São Paulo apresentado em reunião com prefeito realizada nesta quinta-feira (6)
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Aumento das contaminações
Segundo o representante da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) presente na reunião, Luiz Arthur Vieira Caldeira, a cidade pode ter neste momento o dobro de casos positivos de contaminação por Covid-19 e síndrome gripal do que no pico na segunda onda, em março e abril de 2021.
"Há uma pressão na porta de entrada das unidades básicas de saúde desde a segunda semana de dezembro com síndrome gripal. Em 60%, 70% dos casos, há indícios de que seja Covid, o que indica um rebote da doença. A Covid voltou e voltou com tudo", afirmou Caldeira.
"Neste momento, os pacientes com sintomas gripais, quer seja de Covid, gripe ou outros vírus, já representam o dobro de casos que tinham no pico da P1, em março, abril de 2021. Logicamente que não se compara com os casos de gravidade. São muito menos graves agora. São número de contaminados, não necessariamente de doentes", explicou.
Gráfico da vigilância em saúde sobre possíveis casos de Covid-19 e Síndrome Gripal na capital paulista
Rodrigo Rodrigues/g1
Com o cancelamento dos desfiles dos blocos de rua, a Ambev, que foi escolhida como empresa patrocinadora do carnaval de rua em 2022, deixará de pagar à cidade R$ 23 milhões estipulados no contrato de patrocínio assinado no ano passado.
O montante ainda não havia sido recolhido aos cofres da cidade por causa da indefinição do evento desde o final de 2021.
Bloco do cantor Bell Marques no carnaval de SP de 2020
Marcelo Chello/Estadão Conteúdo
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Fonte: G1