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Liminar garante implante de ouvido biônico para menino de 3 anos em SC; 'Vai escutar minha voz', diz mãe

Por Jr Blitz 21/12/2021 às 05:11:34
Procedimento é chamado de implante coclear e vai permitir que Brayan Uhlmann Landeira consiga desenvolver a fala e escutar a voz da mãe pela primeira vez. Cirurgia será feita em Florianópolis em janeiro. Brayan Uhlmann Landeira tem 3 anos e deve receber o ouvido biônico até janeiro de 2022

Gabriela da Silva Uhlmann/ Arquivo Pessoal

Foi por meio de uma liminar judicial que um menino de três anos de Blumenau, no Vale do Itajaí, recebeu o direito de realizar uma cirurgia em regime de urgência de implante coclear, ou ouvido biônico, através do Sistema Único de Saúde (SUS).

A mãe de Brayan Uhlmann Landeira, Gabriela da Silva Uhlmann, 32 anos, afirma que o procedimento deve ocorrer até janeiro de 2022 em um hospital de Florianópolis. No dia 4 de janeiro, a família se desloca até a Capital para realizar alguns exames e preparar o pequeno para o pré-operatório.

"É uma luta que não é pra mim, o que eu tinha que escutar eu já escutei. É por ele que estou fazendo isso. Foi o melhor presente que eu ganhei em toda a minha vida. Nada substitui. É uma alegria", afirma.

Brayan e Gabriela aprenderam a Língua Brasileira de Sinais neste ano

Gabriela da Silva Uhlmann/ Arquivo Pessoal

O menino tem perda auditiva profunda e não houve nenhum tipo de som nos dois ouvidos. Gabriela se comunica com Brayan por meio Língua Brasileira de Sinais (Libras). Os dois começaram a aprender o idioma neste ano.

"A nossa comunicação é 100%. Quando o implante for feito a primeira coisa que quero falar é 'a mamãe te ama', ele sabe o que isso significa em Libras. Então, é com essa palavrinha que vai começar tudo", afirma Gabriela.

A mãe conta que na maternidade onde o menino nasceu o teste da orelhinha não foi disponibilizado. Apenas em 2019 é que um diagnóstico indicando a perda auditiva foi realizado.

Brayan tem dificuldade para separar a fala de ruídos externos e ouvir sons de alta frequência.

Brayan tem perda auditiva profunda, segundo a mãe

Gabriela da Silva Uhlmann/ Arquivo Pessoal

"Não importa se eu tiver que ficar no Natal ou Ano Novo no hospital, eu não preciso mais de presente nenhum. Já pensou quando o médico ligar o aparelhinho e ele escutar minha voz? Eu já chorei um monte hoje, acho que no dia que ele escutar minha voz eu vou chorar o triplo" afirma a mãe.

Conhecido como ouvido biônico, o equipamento eletrônico substitui a função do ouvido interno em pessoas com perda total da audição ou quase total.

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Urgência da cirurgia

Segundo a família, Brayan corria risco de não desenvolver a fala caso ficasse sem fazer o procedimento até o início de 2022.

Isso porque, de acordo com a mãe, se o menino não fizesse o procedimento até os quatro anos de idade, existe 90% de chances de ele não conseguir mais desenvolver esse sentido.

Mesmo com um laudo médico apontando a necessidade do procedimento, a família aguardava em uma fila de espera.

"Depois dos 4 anos a perda [da possibilidade de falar] é de 90% de chance. Se o procedimento for feito antes a possibilidade de falar é maior. Outra questão era de que se passasse desta idade a cirurgia só poderia ser feita em um dos lados. Por isso procuramos ajuda, procuramos a Procuradoria da cidade", relembra.

A liminar foi concedida em 2 de dezembro e informava que o Estado teria até 10 dias para se manifestar. A cirurgia deve acontecer no Hospital Universitário e a data será divulgada após a consulta médica marcada para o início de janeiro.

Família buscava por cirurgia desde 2020

Gabriela da Silva Uhlmann/ Arquivo Pessoal

Na decisão, a promotora de Justiça da Infância e Juventude do Ministério Público em Blumenau, Cristina Nakos, destacou que o perigo de dano estava comprovado.

“Por se tratar de enfermidade relacionada ao desenvolvimento auditivo, é certo que o atraso na inserção do dispositivo pode ser prejudicial e irreparável à criança”, declarou.

Perda auditiva neurossensorial profunda

Gabriela explica que Brayan nasceu com uma condição chamada de perda auditiva neurossensorial profunda bilateral.

Esse tipo de problema ocorre no ouvido interno e a situação afeta os dois ouvidos do garoto. A mãe afirma também que há suspeita de que Brayan tenha um quadro de Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Há um ano, o menino utiliza um outro tipo aparelho auditivo, contudo, segundo a família, não houve resultado. Nesse caso, a solução é o implante coclear.

Procedimento será realizado em Florianópolis

Gabriela da Silva Uhlmann/ Arquivo Pessoal

Após a cirurgia, Brayan terá que continuar frequentando a fonoaudióloga e deverá ser estimulado verbalmente para poder desenvolver a fala.

"A possibilidade de fala é grande. Eu não sou eterna. Nem meu marido ou as irmãs dele. No que a gente puder proteger ele, nós faremos. Mas se a gente começar a faltar como fica? Minha preocupação é lá na frente, com a cirurgia ele vai ter uma vida melhor. Vai ter a independência dele", concluiu Gabriela.

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Fonte: G1

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