G1
Um dos maiores festivais de arte e tecnologia do país, o FAM leva o público a uma ilha virtual para conferir projeções, moda, poesia, além de shows inéditos de imagem e música. Neste sábado (18) e domingo (19), o Festival Amazônia Mapping (FAM) desembarca na ilha 3D, um ambiente virtual criado especialmente para ser palco da programação online do projeto, que no começo do mês, ocupou o centro histórico de Belém com grandes projeções mapeadas. Agora, o público desembarca adentra no coração de uma Amazônia imaginária, entre a floresta e a cidade, para conferir uma série de apresentações inéditas de música e som, além de mostra visual que reúne dezenas de artistas de todo Brasil, desfile de moda sustentável e a parceria internacional que traz espetáculos de artistas do Reino Unido e Espanha.Combinando artes visuais, tecnologia e realidades mistas, o FAM coloca a Amazônia na rota dos grandes festivais de arte digital do mundo. Na sua trajetória de quatro edições - anos 2013, 2016, 2017 e 2020 - o Festival movimentou o Pará e ocupou espaços urbanos de Belém e Santarém, e já alcançou um público de mais de 20 mil pessoas, promoveu dezenas de oficinas e cursos gratuitos com artistas visuais de destaque internacional, além de shows com atrações da Amazônia, Brasil e Peru, fomentando também encontros inéditos. Em 2020, o Festival realizou uma edição 100% online e foi o grande vencedor da categoria "Inovação: Música e Tecnologia", importante prêmio da Semana Internacional de Música de São Paulo (SIM SP), a maior feira do mercado da música da América Latina. Este ano, promove uma programação híbrida, parte presencial, que ocorreu no dia 4 de dezembro, com projeções em Belém, e parte online, com mais de 40 artistas convidados. Ilha Amazônia MappingCom gráficos realistas, o projeto da ilha Amazônia Mapping foi construído através de uma programação gamer, e proporciona uma experiência de streaming ao público. Neste ambiente, haverá projeções de obras selecionadas no primeiro edital aberto do FAM, que reúne mais de 30 artistas de todo o país. Haverá ainda a premiação de algumas obras, para valorização e estímulo. “Pela primeira vez, fizemos um edital nacional, e o resultado mostra a amplitude da produção da arte visual contemporânea, sobretudo do Norte, ainda encarado como "fora do eixo" quando o assunto é arte e tecnologia. O FAM traz esse olhar decolonial de uma Amazônia múltipla de gente, indígena, preta, urbana, ribeirinha, ancestral e moderna, com vários tipos de artistas, de linguagens”, comenta Roberta Carvalho, curadora e idealizadora do festival, que este ano tem o patrocínio da Oi via Lei de Incentivo à Cultura Semear, Governo do Estado do Pará e Fundação Cultural do Pará, apoio do Oi Futuro e Amplify, através da British Council, Summerset House Studios, Mutek e ArtLab. Realização da produtora 11:11 ARTE. O FAM também exibe “Belém Fashion 405”, um video-mapping-desfile de moda e sustentabilidade desenvolvido pela designer indígena de moda Jacke Tupi. O trabalho homenageia Belém a partir do Ver-o-Peso, um dos cartões-postais da cidade através de um olhar ancestral. As peças que compõem o desfile foram garimpadas em brechós do Ver-o-Peso e seu entorno. A partir da seleção, a designer desmontou as peças e criando novos produtos. Ao todo, sete looks compõem a coleção, onde podemos identificar as erveiras, os peixeiros, o açaí, os barcos, elementos presentes no Ver-o-Peso. FAM traz shows de música e imagem: Félix Robatto se apresenta em parceria com a VJ GrazziDivulgaçãoO festival traz ainda shows de música e imagem: um dos maiores nomes da guitarrada contemporânea, Félix Robatto se apresenta em parceria com a VJ Grazzi, que já trabalhou com artistas como Uiras e Pablo Vittar. Para o palco do Amazônia Mapping, Félix preparou um repertório 100% autoral com músicas que foram compostas ainda quando ele estava à frente da banda La Pupuña, mas também traz músicas dos seus dois álbuns solo: “Equatorial, Quente e Úmido” e “Belemgue Banger”. A sonoridade latino-amazônica de Félix embala o trabalho da artista visual, que se inspirou nas texturas de cestaria cabocla à floresta, com muita psicodelia, para suas projeções. FAM recebe o encontro da dupla de artistas indígenas Djuena Tikuna (foto), cantora amazonense, e o cineasta do Mato Grosso, Takumã KuikuroDiego JatanãNa segunda noite da ilha, o palco Samaúma recebe o encontro da dupla de artistas indígenas Djuena Tikuna, cantora amazonense, e o cineasta do Mato Grosso, Takumã Kuikuro. Para a floresta digital do FAM, Djuena apresenta um ritual de conexão com os encantados que tem as projeções assinadas por Takumã, reconhecido nacional e internacionalmente por seus filmes, promovendo espetáculo inédito por meio da conexão de imagens e sons. “O FAM se consolida como um projeto multilinguagens, atravessado por poética, arte visual, sonora, moda, cinema, ativismo; que celebra a cultura ancestral e pensa o futuro a partir desse reconhecimento da Amazônia como espaço identitário, ambiental, cultural e potente também no que traz de contemporâneo”, diz Roberta Carvalho. Parceria internacional Outra novidade é que esta edição do Festival integra o Amplifly, uma parceria com o Britsh Council, instituição pública cultural do Reino Unido. O Amplifly busca promover conexões e networking que destacam a prática artística e questões sociais, ao mesmo tempo que oferece oportunidades de exposições que transcendem o eixo geográfico norte-sul. Dentro desta parceria, realizam apresentações de música e imagem as duplas Edy Fung (Quantum Foam) (China/UK) e Astronauta Mecanico (MA); e Ana Quiroga (Espanha/UK) e Bianca Turner (SP). O grupo também convida o público à imersão em seus processos criativos, em bate-papo online. A Amplify envolve residência artística, produção das obras e projeção das mesmas dentro do FAM. Deste processo, surge “Cíclica”, resultado da colaboração artística de Ana Quiroga e Bianca Turner. Quiroga é uma compositora, produtora musical e designer de som baseada em Londres. Turner é artista multimídia, bacharel formada em Londres, que pesquisa a subjetividade da memória, explora a documentação do efêmero, o imaterial de um objeto ou um lugar. A obra “Cíclica” foi desenvolvida a partir da manipulação audiovisual ao vivo de material de arquivo, samples de sonoridades da natureza, e dos designs e padronagens marajoaras.É uma obra que traz um ritual de nascimento, morte e transformação. Um mergulho em direção ao centro da Amazônia, o útero da mãe, guiado por sonoridades e visualidades locais. Uma das mulheres VJs pioneiras no Brasil, Astronauta Mecanico é designer do Maranhão, e se apresenta na transmissão ao vivo do festival, criando e manipulando imagens, funde o digital e o analógico. Edy Fung é uma artista, curadora e produtora musical. Seu projeto experimental Quantum Foam presta atenção ao processo de escuta de máquina e manipulação de sons. No FAM, a dupla apresenta a obra “Uma tempestade está soprando do paraíso” é uma performance que captura nosso estado de incerteza. A peça sonora imagina uma sequência de narrativas que começa com o vento sazonal, que se transforma em tempestade, e termina com gotas de chuva perpétuas. As imagens versam sobre a natureza, a reprodução, o descarte, o excesso, o erro. Abstratas e figurativas, transitam no vão das realidades, onde o fogo conduz à transformação, e o sonho é revolução. A imperfeição como elemento criador contínuo. Para a apresentação das duas duplas do Amplify, foi desenvolvido um espaço criado especialmente para esta parceria. O Domo Marajoara, uma espécie de planetário em 360º inspirado na cultura marajoara ancestral. ServiçoFestival Amazônia Mapping 2021: apresentações artísticas e imersão em processos criativos online dias 18 e 19 de dezembro. Canal do Youtube do festival www.youtube.com/amazoniamapping. Mais infos no site oficial do Festival: www.amazoniamapping.com.