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O Assunto é o podcast diário com Renata Lo Prete. Perdeu algum nesta semana? Aproveite o fim de semana para maratonar. Você pode ouvir O Assunto no g1, no Globoplay, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, no Deezer, na Amazon Music, no Hello You ou no aplicativo de sua preferência. Assine ou siga O Assunto, para ser avisado sempre que tiver novo episódio no ar.O Assunto é publicado de segunda a sexta-feira, mas você pode aproveitar o fim de semana para ouvir todos os episódios:O Assunto #583: Amazônia – a marcha batida da destruiçãoO balanço anual do Inpe indica, pela quarta vez seguida, avanço do desmatamento na região. No comparativo com o período anterior, a alta foi de 22%, correspondente a mais 13 mil km². Números não apenas assombrosos como ocultados pelo governo desde outubro, para que só viessem à luz depois da Cúpula do Clima da ONU. De posse das informações, o agrônomo André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazonia (Ipam), dimensiona neste episódio o estrago: uma perda anual equivalente a quatro vezes o tamanho do Distrito Federal, 90% em operações ilegais e mais da metade em terras públicas, griladas para especulação fundiária. “Ao perder floresta, perdemos biodiversidade, serviços ambientais e ciclos hídricos que ela mantém”, explica. Esse longo período de desmatamento em patamares elevados coincide com o protagonismo dos militares no Conselho da Amazônia, contextualiza a jornalista Marta Salomon, colaboradora da revista Piauí e doutora em Desenvolvimento Sustentável. Ela se baseia em documentos públicos para afirmar que a atual estratégia oficial para o bioma remonta à época da ditadura. “É uma visão de que não se trata de um território estratégico para mudanças climáticas, mas sim de uma fronteira de recursos naturais a ser explorada”. Marta explica também que as Forças Armadas assumiram não só o comando estratégico, mas também o das verbas públicas: em 2020, geriram R$ 370 milhões para a Amazônia, o dobro do que os órgãos ambientais tiveram no período. E os resultados vemos agora.O Assunto #584: Prévias frustradas - o apagão tucanoDe 1994 até 2014, o PSDB foi protagonista de todas as eleições presidenciais, vencendo as duas primeiras (com FHC) e perdendo para o PT no 2º turno das demais. Mesmo em 2018, Geraldo Alckmin conseguiu reunir a maior coalizão do pleito, antes de terminar em 4º lugar, com menos de 5% dos votos. Naquela altura, “o eleitor antipetista começou a enxergar mais defeitos no partido”, lembra o jornalista Fábio Zambeli, analista-chefe em São Paulo da plataforma Jota. E migrou em peso para Jair Bolsonaro. Desta vez, sem nenhum postulante com força suficiente para se impor de saída na disputa interna, a sigla marcou inéditas prévias para escolher entre João Doria (SP), Eduardo Leite (RS) e Arthur Virgílio (AM). Mas, na hora H, a milionária plataforma de votação simplesmente não funcionou. E agora os tucanos se bicam sobre o que fazer, expondo fraturas de difícil conserto. Na avaliação que Zambeli faz no episódio, o desastre de domingo “é um case de antipropaganda para o eleitor arrependido do voto em Bolsonaro” e empurra ainda mais o PSDB à condição de “plano C” para o espectro político que vai do centro à direita - atrás do próprio presidente e do ex-juiz Sergio Moro. “Há mais dúvida do que convicção na empreitada, seja com Doria ou com Leite”, diz. Favorito para vencer caso as prévias aconteçam, o governador de São Paulo será o mais prejudicado se o impasse se estender indefinidamente. O Assunto #585: Para onde vai o Chile no 2º turno?Desde a redemocratização, coalizões de centro-direita e de centro-esquerda se alternaram no poder. Uma equação, ao menos na aparência, mais estável que a de outros países da região até 2019, quando milhares de chilenos tomaram as ruas por dois meses. “A panela de pressão explodiu”, resume a socióloga Beatriz Della Costa, diretora do Instituto Update, que estuda inovação política na América Latina. Para ela, dois fatores explicam a virada de vento: “brutal desigualdade social” e “baixo acesso a serviços públicos”. Os protestos abriram caminho para uma Assembleia Constituinte, eleita em maio deste ano, de configuração majoritariamente progressista. E agora, apenas seis meses depois, nova inflexão: no primeiro turno da disputa presidencial, realizado no domingo passado, o candidato da extrema-direita, José Antonio Kast, chegou na frente, com 28% dos votos. Na etapa final, seu adversário será o Gabriel Boric, de esquerda, que obteve 25%. “O que está em jogo é a capacidade de mobilização” de cada um, afirma Beatriz. Para o historiador Felipe Loureiro, os eleitores de Franco Parisi (terceiro colocado, com 13%), serão o fiel da balança. E, até aqui, os sinais são de que Kast teria capacidade de atraí-los em maior número. Loureiro, coordenador do curso de Relações Internacionais da USP e do Observatório da Democracia no Mundo, explica que a agenda econômica e o discurso de ordem de Kast têm aderência no mercado e entre nostálgicos da ditadura -ele é defensor ferrenho de Augusto Pinochet. Já a pauta de Boric, ligada a temas como preservação ambiental e defesa dos direitos humanos, encontra eco no eleitorado mais jovem.O Assunto #586: Carne - embargo da China e outras pressões Destino de 15% da carne bovina brasileira, a China suspendeu suas compras no início de setembro, depois que o Brasil reportou dois casos da doença da vaca louca. Agora, depois de mais de dois meses, dá sinal verde para a retomada parcial das importações. Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura entre 2003 e 2006, analisa em conversa com Renata Lo Prete o impacto do embargo para o Brasil. Ele explica como a pandemia trouxe à tona duas questões que estão diretamente relacionadas ao agro: sustentabilidade e segurança alimentar. E seus resultados práticos: corrida acelerada dos países pela compra de mais comida, com pressão inflacionária global - com efeito mais severo para o mercado interno, diante da desvalorização do real em relação ao dólar. Em paralelo ao contencioso com a China, o ex-ministro fala sobre a preocupação do agro nacional com o eventual embargo ameaçado pela União Europeia sob argumento ambiental: uma “espécie de barreira não-tarifária”, que ele considera “protecionismo injustificado”. Participa também Rafael Walendorff, repórter do Valor Econômico. Ele atualiza o status da negociação entre os governos para a liberação da carne nos portos chineses e contextualiza a “jogada comercial” da China em derrubar parcialmente o embargo: repõe seu estoque interno de proteína animal (que tradicionalmente cai nos fins de ano) e “sinaliza boa vontade” aos frigoríficos brasileiros.O Assunto #587: Garimpo - Serra Pelada no Rio MadeiraUm arrastão de centenas de balsas num dos mais importantes afluentes do Amazonas, lar de cerca de 1.200 espécies de peixes. Atracadas em trecho situado no município de Autazes, a 133 km de Manaus (AM), elas são o traço mais visível de uma corrida do ouro que muitos já comparam à que se deu nos anos 80 na Serra dos Carajás (PA). O repórter Alexandre Hisayasu, que sobrevoou a área, descreve uma “invasão em massa de garimpeiros” que, por lei, não poderiam operar ali. Na última quinta-feira (25), depois de duas semanas de tensão escalando, o vice-presidente Hamilton Mourão anunciou que será criada “uma força-tarefa” para lidar com o problema. Em conversa com Renata Lo Prete, o jornalista da Rede Amazônia, afiliada da Globo, detalha o funcionamento do garimpo sobre balsas e seu impacto ambiental — uma vez que tudo, “incluindo mercúrio”, é jogado de volta no rio. Para Raoni Rajão, professor de Gestão Ambiental e Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia da UFMG, esse tipo de ação remete ao modo como agem as Farc do lado de lá da fronteira, “desafiando a autoridade e a soberania do Estado brasileiro”. A ousadia crescente dos garimpeiros, analisa Rajão, relaciona-se com o desmonte de órgãos como o Ibama e o “apoio explícito de parte do poder público” à atividade ilegal. Resultado de uma legislação criada décadas atrás para atender a lógica da lavra artesanal e que hoje é desvirtuada, facilitando a prática de crimes que mobilizam milhões de reais, equipamentos sofisticados e até helicópteros e aviões. Na Amazônia, mais da metade do ouro tem indícios de ilegalidade, afirma o pesquisador, gerando prejuízos de “escala bilionária”, muito superiores aos impostos arrecadados com a mineração legal. “Como um todo, é negativo para a sociedade”.O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Isabel Seta, Tiago Aguiar, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski e Giovanni Reginato. Nesta semana, colaboraram também Gabriel de Campos e Ana Flávia Paula. Apresentação: Renata Lo Prete. O Assunto