G1
'Quero que todo o mundo saiba. Não temos nada a ver com isto', declarou o presidente da Rússia durante entrevista, neste sábado (13). Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante conferência em Moscou Mikhail METZEL / POOL / AFPO presidente da Rússia, Vladimir Putin, negou que Moscou tenha ajudado a orquestrar uma crise que deixou centenas de migrantes do Oriente Médio bloqueados na fronteira entre Belarus e Polônia."Quero que todo o mundo saiba. Não temos nada a ver com isto", declarou o presidente, neste sábado (13), em uma entrevista ao canal Vesti, depois que a Polônia e outros países ocidentais acusaram Moscou de ter orquestrado com Minsk o envio de migrantes à fronteira.O presidente russo responsabilizou os países ocidentais pela crise, ao afirmar que suas políticas no Oriente Médio estimulam o desejo dos imigrantes de viajar ao continente europeu.Para resolver a crise, Putin recomendou que os líderes europeus conversem com o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, como, segundo ele, estava disposta a fazer a chanceler alemã Angela Merkel."Não devemos esquecer de onde vem as crises associadas aos imigrantes... foram criadas pelos próprios países ocidentais, incluindo os europeus", disse.Belarus afirma que quase 2.000 pessoas - incluindo mulheres e crianças - permanecem na área de fronteira. A Polônia cita, no entanto, entre 3.000 e 4.000 e alega que a cada dia chegam mais migrantes. LEIA TAMBÉM:Migrantes em Belarus tentam entrar na Polônia: entenda a crise migratóriaBelarus acusa União Europeia de rejeitar diálogo sobre crise de migrantesAngela Merkel pede intervenção de Vladimir Putin na crise migratória de BelarusBelarus ameaça fechar gasoduto que abastece a Europa em meio à crise migratóriaBarracas e aquecedores Os migrantes, curdos em sua maioria, estão bloqueados na fronteira entre Polônia e Belarus sob temperaturas próximas de zero grau. Para enfrentar o frio, eles aguardam em barracas e queimam lenha. A situação é cada vez mais preocupante. A Polônia não permite que atravessem a fronteira e acusa Belarus de impedir a saída do grupo da região.Neste sábado, as autoridades bielorrussas anunciaram a entrega de barracas e aquecedores às pessoas bloqueadas, uma medida que pode prolongar a presença dos migrantes na fronteira da União Europeia (UE). "A parte bielorrussa está fazendo todo o possível para proporcionar o que precisam. Entregamos água, lenha e ajuda humanitária", disse Igor Butkevich, diretor adjunto do comitê estatal de fronteiras, à agência estatal Belta.Há vários meses os migrantes tentam atravessar a fronteira, mas a crise foi agravada na segunda-feira, quando centenas de pessoas tentaram entrar ao mesmo tempo na Polônia e foram impedidas pelos guardas.Neste sábado, a polícia polonesa informou que encontrou o corpo de um jovem sírio na floresta próxima da fronteira. "As causas da morte ainda não foram determinadas", afirma um comunicado. Este óbito elevaria a 11 o número de vítimas fatais da crise migratória, segundo diversas ONGs.A polícia também informou que mais de 100 pessoas tentaram cruzar a fronteira de maneira irregular durante a noite. A UE acusa Belarus de organizar os deslocamentos de migrantes, com a emissão de vistos e até voos fretados, com o objetivo de provocar uma crise migratória na Europa, em resposta às sanções internacionais contra o governo de Lukashenko. Crise migratória na fronteira da Polônia com Belarus se intensificaNovas sanções De fato, na próxima semana, o bloco europeu pretende ampliar as sanções.O vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, afirmou em uma entrevista ao jornal francês Le Figaro que as sanções serão "aprovadas e aplicadas". Ele explicou que as medidas serão adotadas, entre outros, contra a companhia aérea estatal Belavia, acusada de fretar voos para migrantes da Turquia para Minsk.Na sexta-feira, a UE afirmou que registrou "progressos" para frear o fluxo de migrantes na fronteira entre Belarus e Polônia, depois que a Turquia proibiu o embarque de cidadãos da Síria, Iraque e Iêmen em voos para a capital bielorrussa.O principal conselheiro de política externa do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou à AFP que Ancara não pode ser culpada."Parece que um número significativo de migrantes e viajantes segue para Belarus e depois para Lituânia, Polônia e outros Estados europeus. Culpar a Turquia ou a Turkish Airlines é simplesmente errado e inapropriado", disse Ibrahim Kalin. "Esta crise não tem nada a ver com a Turquia", insistiu.A tensão é cada vez maior na fronteira e os dois países mobilizaram suas tropas. Na sexta-feira, Belarus advertiu que responderia a qualquer ataque contra seu território.Apesar da pressão do Ocidente, Lukashenko pode contar com o apoio da Rússia. Tropas aéreas dos dois países organizaram na sexta-feira "exercícios de combate" perto da fronteira entre Belarus e Polônia.Porém, o apoio de Moscou a Minsk costuma ser cauteloso. Em uma entrevista, Putin disse que Lukashenko atuava por conta própria quando ameaçou durante a semana cortar o trânsito do gás russo através de Belarus com destino a Europa.Veja os vídeos mais assistidos do g1