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Justiça francesa interroga principal réu dos ataques terroristas de 13 de novembro em Paris

Por Jr Blitz 02/11/2021 às 17:35:42
Salah Abdeslam é o principal réu no julgamento. Ele se apresentou como uma pessoa 'gentil, calma e prestativa'. "Eu era uma pessoa gentil, calma e prestativa". Assim se apresentou ao júri, nesta terça-feira (2), Salah Abdeslam, o principal réu do julgamento sobre os ataques terroristas de 13 de novembro de 2015, em Paris.

O Tribunal Especial de Paris examina, a partir desta semana, as personalidades dos 14 réus presentes ao julgamento. O único integrante ainda vivo do comando jihadista que deixou 130 mortos e centenas de feridos em Paris e Saint-Denis disse ser "um homem bastante tranquilo" e "imbuído de valores ocidentais", antes de sua radicalização e dos ataques.

Representação dos acusados no processo dos atentados coordenados de 13 de novembro de 2015 em Paris, entre eles, Salah Abdeslam, o primeiro da esquerda para a direita

Benoit Peyrucq/AFP

Naquela noite, depois de ter deixado alguns dos terroristas no Estádio de France, nas imediações da capital, Abdeslam, que também estava prestes a participar das ações, acabou abandonando o seu cinto de explosivos por motivos que ainda não explicou.

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Vida pessoal em foco

O homem de 32 anos foi o primeiro a ser interrogado. O interrogatório é delicado: trata-se de evocar questões sobre a vida pregressa do réu, sem "abordar o mérito" do dossiê, que só será tratado em 2022 e, portanto, sem evocar o seu compromisso religioso, como explicou o presidente do Tribunal, Jean Périès.

Usando barba longa, cabeça raspada e vestindo um grande colete cinza sobre uma camisa bege, Salah Abdeslam descreveu em respostas sucintas a sua infância "muito simples" e feliz, como filho de imigrantes marroquinos de Molenbeek, cidade da grande Bruxelas.

O pai dele é motorista de bonde e a mãe dona de casa. Salah Abdeslam é o quarto de cinco irmãos. "Eu tenho três irmãos mais velhos e uma irmã mais nova. O que você quer saber?", disse Salah Abdeslam, com uma voz calma e um leve sotaque belga. Afirmando que tem apenas "uma" nacionalidade – a francesa - ele se descreveu como uma criança que foi "calma, gentil e prestativa".

"Bom aluno" e "amado pelos professores" foram outras expressões usadas por ele, que fez um "ensino técnico em eletromecânica", mas parou de estudar aos 18 anos para trabalhar. O réu disse gostar de esportes, como "luta, musculação e futebol".

O tribunal quer ouvir sobre a vida pessoal de Abdeslam, a namorada dele e o ambiente em casa antes dos ataques. "Você ainda tem contato com ela?" "Não". "E antes, você teve outros relacionamentos?" Salah Abdeslam hesita. “Não quero me expressar sobre isso, é um pouco pessoal”, respondeu.

O acusado tem estado falante desde a abertura do julgamento, após um silêncio quase constante durante a investigação. Ele não evita as perguntas, mesmo que dê apenas respostas breves.

Durante oito semanas, aquele que se apresentou no primeiro dia dos debates como um "lutador do Estado Islâmico" falou muitas vezes para justificar os ataques ou criticar suas condições de detenção.

Currículo de delinquência

Em 2011, empregado por 18 meses na empresa de seu pai, Salah Abdeslam foi implicado em uma tentativa de roubo - depois de uma noite regada a muito álcool, ele explica - e fez uma primeira estadia de cinco semanas na prisão.

Demitido, ele alternou entre "atividades provisórias e o desemprego", adicionando uma dezena de outras condenações ao seu registro criminal. Salah Abdeslam também ajudou seu irmão Brahim por um tempo, gerente de café e futuro assassino e terrorista suicida nos terraços parisienses. Era o irmão que Salah Abdeslam "preferia".

Valores ocidentais

O presidente do tribunal cita, então, outro de seus irmãos, que afirma que Salah Abdeslam gostava muito "de sair, frequentar boates, cassinos". "Isso está correto?" "Sim", responde Salah Abdeslam. "Sim, eu costumava ser assim". O presidente o incentiva a desenvolver o assunto. “Fui para uma escola pública na Bélgica, fui imbuído de valores ocidentais, vivi como você me ensinou a viver no Ocidente”, completou.

O magistrado, então, o questionou sobre suas condições de detenção, em total isolamento e sob constante vigilância por vídeo, desde a prisão, em 2016. Salah Abdeslam disse ter recebido visitas “todos os meses” de sua família, telefonemas e citou a prática de esportes, “uma hora pela manhã e uma hora à noite”.

O presidente do tribunal menciona o seu "comportamento incomum" na detenção e em certos incidentes. Ele teria chamado os supervisores do presídio de "desperdício da sociedade", "SS", "descrentes". “Lembra-se disso?”, pergunta Jean-Louis Périès. "Não", respondeu o réu.

A primeira assessora, Frédérique Aline, quis saber por que ele não pediu a libertação, desde que foi preso. Surpreso, o réu respondeu: "Porque é difícil imaginar que você vai me deixar sair."

A audiência continuou com o interrogatório sobre a personalidade de Mohamed Abrini, co-acusado e amigo de infância de Salah Abdeslam.

O julgamento dos atentados de 13 de novembro de 2015, em Paris, começou em 8 de setembro, quase seis anos depois dos piores ataques terroristas cometidos na França. As sessões devem durar quase nove meses e estão previstos 145 dias de audiências, até 25 de maio de 2022.

(Com informações da AFP).

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Fonte: G1

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