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Manifestantes dizem que o governo de Luis Arce tenta investigar o patrimônio de qualquer cidadão sem ordem judicial e citam 'perseguição política' no julgamento de Jeanine Áñez, que tomou o poder na Bolívia após a queda de Evo Morales. Protesto contra o governo de Luis Arce em La Paz, na Bolívia, nesta segunda-feira (11)Aizar Raldes/AFPA oposição da Bolívia bloqueou ruas das principais cidades do país nesta segunda-feira (11), em protesto contra o governo do presidente Luis Arce. A polícia respondeu dispersando pequenos grupos de manifestantes em La Paz e Cochabamba com gás lacrimogêneo.A um mês de completar seu primeiro ano de mandato, o presidente enfrenta os primeiros protestos contra o seu governo, impulsionados por opositores que o acusam de promover julgamentos políticos e de tentar aprovar uma lei draconiana de investigação de fortunas.LEIA TAMBÉMMilhares protestam na Bolívia contra prisão de ex-presidenteEntenda a prisão de Jeanine Áñez, que tomou o poder após a queda de EvoSaiba quem é Luis Arce, atual presidente bolivianoAs principais manifestações foram registradas nas cidades de La Paz, Cochabamba, Santa Cruz e Tarija. La Paz observou uma grande passeata de sindicatos de comerciantes do varejo, que, embora não façam parte do bloco de oposição, rejeitam categoricamente a "Lei contra a legitimação de lucros ilícitos e financiamento do terrorismo", em discussão no parlamento.Polícia detém manifestantes que bloqueavam rua em Santa Cruz, na Bolívia, nesta segunda-feira (11)Rodrigo Urzagasti/AFPNo centro da cidade, sede dos poderes Executivo e Legislativo, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar o fechamento de avenidas, e também houve ameaças de confrontos de rua com grupos pró-governo.O chefe da polícia, Jhonny Aguilera, reconheceu que nas regiões de Cochabamba e Santa Cruz houve "bloqueios esporádicos", que eram monitorados, enquanto o ministro do Interior afirmou que no restante dos sete departamentos não há problemas.Críticas ao governo ArceLuis Arce toma posse na Bolívia em novembro de 2020AFPO projeto de lei criticado permitiria ao governo investigar o patrimônio de qualquer cidadão sem ordem judicial, e obrigaria advogados e jornalistas a revelar informações de clientes, entre outros aspectos. O advogado constitucionalista William Bascopé destacou que, segundo o texto proposto, os bens de todos os cidadãos ficam sob suspeita, em contradição com a "presunção de inocência", que deveria prevalecer.Os manifestantes também denunciam uma "perseguição política", devido aos julgamentos criminais contra a ex-presidente de direita Jeanine Áñez (2019-2020), os prefeitos de La Paz, Iván Arias e de Cochabamba, Manfred Reyes Villa; o governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho; e os ex-presidentes Carlos Mesa (2003-2005) e Jorge Quiroga (2001-2002).Os opositores afirmam que o governismo os acusa de terem organizados um suposto golpe de Estado contra o ex-presidente Evo Morales, aliado de Arce, em novembro de 2019, que o levou a renunciar após uma convulsão social, que deixou 37 mortos. O governismo prepara para amanhã passeatas de apoio ao presidente.Veja no VÍDEO abaixo: quem é Luis Arce, presidente da BolíviaSaiba quem é Luis Arce, apontado como novo presidente da Bolívia