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Refugiada da Gâmbia no Brasil é aprovada em 13 universidades no exterior

Por Jr Blitz 25/09/2021 às 06:55:06
Maimuna Jawo, de 18 anos, está no Rio desde 2016, onde mora com a mãe e conseguiu uma bolsa integral em uma escola bilíngue. Agora, as duas lutam para que a jovem consiga cursar biotecnologia na Universidade de Alberta, no Canadá. Maimuna Jawo e Mariama Bah em uma feira de expositores no Rio de Janeiro

Arquivo pessoal

Mariama Bah, que nasceu na Gâmbia, no oeste da África, há 34 anos, tinha 13 quando se casou. Em 2014, ela conseguiu se refugiar no Rio. Em 2016, trouxe a filha adolescente, Maimuna Jawo, para o Brasil. Evitou, assim, que a filha passasse pela mesma experiência de enfrentar o matrimônio na adolescência e abandonar a escola.

No mundo, existem 650 milhões de meninas e mulheres que se casaram antes de completar 18 anos, segundo o Fundo da Nações Unidas para a Infância (Unicef). A entidade aponta as consequências (todas nocivas) mais usuais do matrimônio infantil:

evasão escolar (essas mulheres tornam-se menos propensas a permanecer na escola);

gravidez precoce;

isolamento da família;

e violência doméstica.

Mesmo sem falar português, Mariama trabalhou como cabeleireira, deu aulas de inglês, atuou em TV e teatro e criou uma marca de roupas que divulga a cultura africana.

"Quero mostrar o lado bonito, colorido, alegre e rico da África”, afirmou em entrevista ao g1. E a educação interrompida lá atrás em razão do casamento precoce acabou virando uma causa compartilhada por mãe e (agora) pela filha. Juntas, conquistaram uma bolsa de estudos para Maimuna na escola bilíngue Ladies of Mercy (OLM), na zona sul do Rio.

“A adaptação foi difícil. Eu não falava português e o colégio era bem longe de onde eu morava. Acordava todos os dias entre 4h e 4:30 da manhã para estar na escola às 7h. Não foi uma experiência fácil, mas eu vejo que valeu muito a pena”, contou a jovem.

Agora, aos 18 anos, Maimuna foi aprovada em 13 universidades dos Estados Unidos e do Canadá. Dentre as opções, escolheu o curso de biotecnologia na Universidade de Alberta.

“Sou de uma família de agricultores. Embora haja terras férteis na Gâmbia, muitos alimentos são importados, como frutas e legumes. Acredito que esta situação contribui para a persistência da fome e desnutrição no meu país. Com a biotecnologia, quero aprender a aumentar a produtividade dos alimentos, ajudar diminuir ou mudar a vidas de muitas pessoas”, conta.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a Gâmbia produz apenas 50% dos alimentos que consome, o que faz com que o país seja dependente de importações. As mulheres são reconhecidas como as principais produtoras dos alimentos básicos, mas as disparidades de gênero na educação e no acesso à terra e ao crédito dificultam a competição no setor agrícola.

Luta pela educação

Em uma corrida contra o tempo, Mariama e Maimuna estão atrás de bolsas de estudos, ajuda financeira, patrocínios e tentam aumentar as vendas dos artigos de moda que produzem para juntar dinheiro. A intenção é conseguir uma quantia para, pelo menos, cobrir os custos do primeiro ano de estudos no Canadá — um pouco mais de R$ 160 mil.

“Minha mãe é tudo nessa história. Ela fez tudo por mim, é o ponto chave”, comentou a estudante.

Há 16 anos, Mariama tenta completar, com muita dificuldade, os estudos. Está com o curso de relações internacionais trancado, mas garante que irá finalizar. "Foi por isso que eu saí do meu país, para estudar. Este sempre foi o meu sonho", afirmou. Depois que a filha estiver na universidade, ela pretende seguir uma carreira política e acadêmica, de luta pela educação, pelos direitos dos imigrantes e refugiados e contra o racismo. “Me sinto uma das pessoas mais ricas por ser mãe dela”, disse.

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Fonte: G1

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